Alvo de assédio de pré-candidatos a prefeito e a vereador identificados com o bolsonarismo para declarar seu apoio nas disputas eleitorais deste ano, o presidente Jair Bolsonaro tem avisado que não deve se envolver com as campanhas no primeiro turno. Com a extensa programação de viagens do presidente pelo País, assessores do Palácio do Planalto tentam evitar que as visitas sejam usadas como palanques para políticos locais.
Segundo o Estadão apurou, a orientação da equipe presidencial é ter atenção redobrada com o que chamam de “oportunistas eleitorais”, evitando que Bolsonaro apareça em fotos e vídeos que possam ser apresentados à população como um endosso a determinado candidato. Por outro lado, o presidente, que já mira uma reeleição, não pode correr o risco de desagradar a apoiadores.
A decisão de Bolsonaro de não mergulhar em disputas municipais é baseada no cálculo político de que a derrota de um apadrinhado possa ser debitada de sua conta como uma rejeição a ele. O presidente alcançou o maior índice de aprovação desde que assumiu o mandato, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na semana passada.
O chefe do Executivo também quer evitar o que ocorreu nas eleições de 2018, quando diversos deputados e senadores se elegeram com a bandeira do bolsonarismo, mas depois romperam com o governo.
A apoiadores que lhe pedem para gravar declarações favoráveis a algum candidato, o presidente tem dito que poderá entrar na campanha apenas no segundo turno, principalmente em cidades em que haja a possibilidade de a esquerda assumir o poder. Por outro lado, pessoas próximas destacam que ele pode abrir algumas exceções para candidatos de extrema confiança, como é o caso do deputado estadual Bruno Engler (PSL-MG), pré-candidato a prefeito em Belo Horizonte.
No Rio, até agora a tendência é Bolsonaro não encampar a reeleição do prefeito Marcelo Crivella, candidato do Republicanos, legenda que passou a abrigar seus filhos, o senador Flávio e o vereador Carlos. Interlocutores de Flávio dizem que o senador também deverá evitar apoios muito enfáticos. Só mudará a postura a pedido do pai.
Em Maricá, região metropolitana do Rio, o pré-candidato a prefeito Cesar Augusto (PMN), o Cesinha, faz questão de ressaltar que apoia Bolsonaro desde 2012. Ele tem usado fotos de encontros em eventos públicos para se lançar como um candidato que está do lado do presidente e de suas bandeiras, mas a expectativa era poder contar com um endosso mais explícito. “Se o presidente disse que não podemos usar o nome dele, não vamos usar. Só ficaremos magoados”, disse Cesinha.
Viagens
Logo após se recuperar da covid-19, Bolsonaro iniciou uma intensa agenda de viagens para inaugurar e visitar obras. Apenas nesta semana, ele passará por três Estados. Já esteve em Sergipe, Mato Grosso do Sul e, amanhã, vai ao Rio Grande do Norte. Na próxima semana, tem visitas programadas em Minas Gerais e no Paraná. Em todos os locais, o presidente adota ritmo de campanha e comportamento de candidato. recebido por apoiadores.
Foi em uma dessas viagens que o pré-candidato a prefeito em São Paulo, o ex-governador Márcio França (PSB), surgiu ao lado de Bolsonaro em uma agenda em São Vicente, na Baixada Santista. O incômodo foi tanto do lado de partidos da esquerda como de bolsonaristas, que ainda buscam um nome para abraçar na capital. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Jussara Soares
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