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Dólar sobe com ata do Fed, BC faz leilão, mas moeda fecha a R$ 5,5302 (+1,16%)

Desde a manhã pressionado, o dólar acentuou o ritmo de alta frente ao real à tarde em meio à divulgação da ata da reunião do Federal Reserve (Fed), diante de notícias mais pessimistas sobre a recuperação da economia dos Estados Unidos. A aceleração do dólar se deu tanto frente à divisa brasileira quanto a de países relevantes e de emergentes, como o rublo e o peso mexicano, que, inclusive, inverteu a tendência após o documento da autoridade monetária americana. Encerrou o dia em alta de 1,16%, a R$ 5,5302, o valor mais alto desde 22 de maio, quando chegou a R$ 5,5797.

Durante a sessão vespertina, ao tocar a marca dos R$ 5,53, em uma escalada rápida, o Banco Central entrou. E, como tem sido recorrente, a cotação desacelerou o ritmo no anúncio do leilão para subir logo após seu término. O BC vendeu 10.000 contratos (US$ 500,0 milhões) em dinheiro novo.

Na ata da reunião, os integrantes do Fed assumiram que medidas fiscais adicionais deveriam ser implementadas, além das já consideradas em junho. Entretanto, o efeito positivo dessas medidas, de acordo com a ata, foi de alguma forma neutralizado por fatores como o avanço do coronavírus desde meados de junho, a decisão de muitos Estados de desacelerar ou reverter a reabertura da economia – especialmente bares, restaurantes e outros serviços que envolvem contato pessoal. A equipe do Fed não vê risco de pressão inflacionária, já que há uma subutilização de recursos e houve uma queda relevante nos preços da energia no começo do ano.

A avaliação indica que as incertezas econômicas seguem extremamente elevadas, o que levou a considerar que uma visão mais pessimista não é menos plausível do que o cenário base. No cenário pessimista, uma aceleração no surto de coronavírus junto a uma nova rodada de limitações de circulação foi considerada, o que levaria a um maior recuo no PIB e aumento no desemprego, resultando em pressões baixistas adicionais à inflação.

“A recuperação que acreditavam que seria mais rápida não será. Nesse contexto, as taxas de juros mais longas começam a subir, e como o refúgio está ainda em títulos americanos, isso tira moeda do Brasil. Investidor não entra aqui porque não tem benefício com juro baixo. Estrangeiro vende bolsa e pressiona o câmbio”, disse Durval Corrêa, assessor financeiro da Via Brasil.

Para o estrategista-chefe da Eleven Financial Research, Adeodato Volpi Netto, o dólar deve continuar forte em relação à cesta de moedas de países emergentes, dentre elas, o real. “O diferencial de juros acabou no Brasil e a gente não vai gerar riqueza adicional. Vejo estruturalmente o dólar seguindo forte frente ao real”, disse.

Por Simone Cavalcanti e Aline Bronzati

Estadão Conteúdo

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