Economia

Com alerta do Fed sobre economia dos EUA, Bolsa fecha em queda de 1,2%; dólar fica a R$ 5,53

A divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na tarde desta quarta-feira, 19, aumentou o sentimento de aversão aos riscos do mercado e segurou os ganhos da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, que encerrou com baixa de 1,19% aos 100.853,72 pontos. No documento, o órgão mostrou preocupação com a estabilidade financeira dos Estados Unidos e com o mercado. A informação pesou também sobre o dólar, que já afetado pelo cenário fiscal do País, saltou a R$ 5,5302, uma alta de 1,16%.

“A recuperação do PIB deve ser menos robusta do que o previsto anteriormente”, disse o documento do Federal Reserve, que ainda alertou para o risco da inflação no longo prazo dos Estados Unidos ficar abaixo da meta de 2%. Nesse sentido, o órgão descreveu ainda que houve debate sobre mudanças na estratégia de política monetária. De acordo com o Fed, a estratégia de controle de juros é uma opção a ser reavaliada, uma vez que teria um benefício modesto neste momento.

Em outro ponto do documento, os dirigentes do Fed alertam para a desaceleração do ritmo de melhora do mercado de trabalho. “O número crescente de casos de coronavírus em muitas partes do país levou a atrasos na reabertura de empresas e também à retomada de fechamentos”, diz o texto. Uma melhora mais consistente viria apenas com a reabertura ampla e sustentada, o que “dependeria em grande parte da eficácia das medidas de saúde tomadas para limitar a propagação do coronavírus”, aponta o órgão.

Nesse cenário o Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, seguiu o mesmo viés de queda do mercado acionário de Nova York e perdeu o patamar dos 102 mil pontos conquistados no pregão da última terça-feira, 18. No entanto, operadores apontam que junto ao Fed, ocorre também o movimento de correção do índice, um processo natural após a alta de 2,5% de ontem.

Câmbio
O tom mais pessimista do Fed fez com que o dólar ganhasse força ante as moedas emergentes e, diante do movimento, o Banco Central brasileiro decidiu fazer nesta quarta um leilão de até 10 mil contratos de swap, o equivalente a venda de dólares no mercado futuro.

Contudo, além do Fed, um misto de movimentos técnicos com desconfiança em relação à política fiscal ajudaram o dólar a subir perto dos R$ 5,50 novamente. Operadores relatam aumento de posição comprada na moeda americana, tanto para hedge quanto diante da desconfiança com o quadro fiscal do País, às vésperas da entrega da proposta orçamentária de 2021.

No noticiário doméstico, o Banco Central informou que o fluxo cambial total em agosto até o dia 14 de agosto é positivo em US$ 632 milhões. No ano até a data de corte, contudo, o saldo é negativo em U$ 15,186 bilhões. Os dados anuais refletem, em grande parte, os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre o fluxo de moeda estrangeira, em especial no mês de março.

Estadão Conteúdo

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