Milhões de brasileiros estão contratando crédito imobiliário com prazos de 30 a 35 anos mesmo em meio ao nebuloso cenário atual. Depois de uma queda brusca no fim de março, as concessões de crédito imobiliário já estão acima do patamar do início de 2020.
O volume de crédito imobiliário atingiu R$ 9,27 bilhões em junho de 2020, aumento de 52% em relação a junho de 2019. No primeiro semestre de 2020 o total de crédito imobiliário somou R$ 43,4 bilhões, crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O mês de junho de 2020 se tornou o mês mais aquecido desde janeiro de 2015, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Os dados de julho ainda não foram divulgados, mas as instituições financeiras sinalizam que virão ainda mais fortes.
O atual custo do financiamento imobiliário é de cerca de 7% ao ano mais TR (atualmente zerada) ou de até 4,95% ao ano mais inflação medida pelo IPCA. Em meados de 2017, a taxa média dos financiamentos imobiliários estava acima de 10% ao ano mais TR.
De acordo com o Bradesco, essa queda na taxa de juros do financiamento imobiliário incluiu 4,5 milhões de famílias, tornando o crédito imobiliário elegível a cerca de 9,3 milhões de famílias.
A procura por imóveis está aquecida. Isso por conta do aumento da demanda, impulsionada pelo baixo patamar de juros e pela busca por moradias melhores, um reflexo da pandemia que pode ser considerado positivo para o setor.
Por ser um movimento contínuo ao longo dos últimos meses, a notícia não deve impactar as ações do setor de construção civil no curtíssimo prazo. Porém, analistas acreditam que este panorama se mantenha para o segundo semestre deste ano e para 2021 beneficie as companhias bem posicionadas no mercado imobiliário.
Cada ponto percentual de queda nas taxas de juros representa um aumento em torno de 8 a 10% a capacidade do cliente de tomar crédito imobiliário. Isso significa não só colocar mais gente para dentro do mercado como também permite que caibam no bolso as parcelas de imóveis maiores e mais caros.
Outro fator importante para a retomada é que alguns procedimentos para a contratação de crédito imobiliário foram simplificados durante a pandemia, o que acelerou o fechamento das transações.
O custo de financiar a compra da casa própria nunca esteve tão baixo. E as taxas podem cair ainda mais após a pandemia.
Apesar de as taxas de crédito imobiliário atuais já estarem perto do piso, analistas acreditam que ainda haja espaço para mais algum recuo (mais especificamente para um nível em torno de 6,5%) após a redução de incertezas relacionadas à pandemia e à retomada do crescimento.
Apesar de existirem praticamente só cinco bancos atuando no crédito imobiliário, a concorrência entre eles está apertando. A taxa do imobiliário só não caiu mais porque os bancos estão receosos com relação ao que está acontecendo. Como estamos passando por um momento de restrição orçamentária de empresas e pessoas, o custo do financiamento deve cair com a redução da perspectiva de inadimplência.
A demanda natural por habitação (casamentos, nascimentos, divórcios) e o repensar da moradia provocado pelo isolamento social ajudam, mas nada representa um empurrão tão forte no crédito imobiliário quanto a redução das taxas de juros.
Analistas continuam com uma visão positiva para o setor de construção civil, especialmente para aquelas empresas que têm atuação na região metropolitana de São Paulo e foco no segmento de média e alta renda, tais como Cyrela, Eztec, Trisul, Even, Helbor e Mitre.
Nas palavras do fundador da construtora MRV, Rubens Menin: “Nunca antes nos meus 40 e poucos anos de construção houve um momento macro tão favorável quanto este.”
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