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Ainda com dúvidas sobre fiscal, dólar fecha em queda de 0,55% cotado a R$ 5,466

O dólar devolveu parte de alta da véspera com a redução de ruídos sobre a saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas ainda encerrou a sessão de negócios em nível acima do visto nas últimas semanas, refletindo os temores que se seguem sobre as providências que serão tomadas pelo governo em relação às contas públicas em um mês no qual se aguarda a entrega da proposta orçamentária pelo Executivo ao Legislativo. Fator técnico, no qual os investidores usam o real como hedge, que vem ocorrendo por conta dos juros baixos, também marcou a sessão.

Durante o dia de negócios, a divisa americana chegou a oscilar na casa dos R$ 5,5163, marcando a máxima do dia, enfatizando que a volatilidade segue alta, uma vez que o vale foi de R$ 5,4213. Encerrou o dia em baixa de 0,55%, a R$ 5,4666.

“O real está com dificuldade de se recuperar na mesma velocidade dos outros ativos, pois está sendo usado como seguro, já que está muito barato, e há pouca perspectiva de apreciação”, diz Sérgio Zanini, head de gestão e sócio da Galapagos Capital.

Segundo ele, como o horário de funcionamento dos mercados dos outros ativos financeiros é praticamente o mesmo aqui no Brasil, facilita aos investidores usar essa proteção. “Hoje, por exemplo, o dólar abriu em queda e deu espaço para essa proteção. Se o mercado piora, o investidor carrega essa proteção para o dia seguinte, mas, se melhora, se desfaz e pode aproveitar o movimento de outro ativo”, diz do gestor, para quem o real, assim como muitas moedas de países emergentes, está com um cenário complicado e dificuldade de performar na comparação com as divisas do G-10, onde o dólar segue perdendo valor. O índice DXY, que mede as variações da moeda americana frente a outras seis divisas relevantes, está caindo 4% no ano, ressalta.

Para Zanini, o fundamento fiscal segue ruim e há muita volatilidade no ambiente político. Camila Abdelmalack, economista-chefe da Vedha Investimentos, faz coro e complementa que o mercado está vendo que está mais distante o sonho de aplicação da política liberal no Brasil, que foi comprado na eleição de Jair Bolsonaro. “Mas, no âmago, o presidente não tem essa vertente e a todo momento ele dá indícios de que está flertando com a ala desenvolvimentista do governo. Ele provou do aumento de popularidade e gostou. E como os programas vão entrar no Orçamento e onde entra o conflito com Guedes”, disse ela. “Mercado fica no dia-a-dia fica esperando até quando Guedes vai ter resiliência.”

Por Simone Cavalcanti

Estadão Conteúdo

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