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Juros fecham em alta, com risco de saída de Guedes e ameaças ao teto de gastos

Os juros futuros, que já subiam pela manhã, ampliaram a alta e renovaram máximas à tarde, estimulados pelo agravamento das preocupações fiscais e do risco do ministro da Economia, Paulo Guedes, deixar o governo. As taxas longas fecharam em alta de quase 15 pontos-base, em novo dia de aumento nos níveis de inclinação e de disparada do dólar. Os curtos avançaram menos, mas, de todo modo, passaram a precificar agora 100% de chance de manutenção da Selic em 2%, apagando as apostas residuais de queda na taxa básica que ainda apareciam até a semana passada.

O dólar à vista subiu 1,30%, a R$ 5,4971, tendo alcançado R$ 5,5141 na máxima do dia. O juro do DI para janeiro de 2022 encerrou em 2,83%, de 2,803% no ajuste anterior, e o do DI para janeiro de 2023 avançou de 4,014% para 4,06%. A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou em 6,99% de 6,833% no último ajuste.

O mercado começou a semana na mesma toada em que terminou a última, mas o noticiário desde então vem fortalecendo as expectativas de saída do ministro. “O pano de fundo que fomenta o estresse ainda é uma possível saída de Guedes e se o País vai manter como está o teto de gastos, com várias notícias apimentando esse quadro”, disse o gerente da Mesa de Reais da CM Capital Markets, Jefferson Lima.

Nesta tarde, circularam nas mesas de operação rumores de que a demissão do ministro já estaria definida pelo presidente Jair Bolsonaro, na medida em que a ala desenvolvimentista dentro do governo pressiona por mudança na regra do teto para permitir mais aumentos de gastos. Além disso, Guedes teria atribuído a Bolsonaro a culpa pela debandada na equipe econômica.

Ainda que o mercado já venha colocando essa possibilidade nos preços, se o boato se concretizar ainda haveria muito espaço para deterioração dos ativos, na medida em que o substituto não deve ser alguém com um perfil ortodoxo em termos fiscais. Também há especulações em torno de que um possível nome seria o de Roberto Campos Neto, mas o mercado não embarcou nessa aposta, pois vê a postura de ambos bastante alinhada em termos de pensamento econômico. “É difícil alguém se sentar naquela cadeira sabendo que vai ter de gastar mais”, disse uma fonte.

Diante do crescimento dos rumores, o ex-secretário de Desestatização da Economia, Salim Mattar, um dos membros do que Guedes havia classificado como “debandada”, negou uma iminente saída do ministro, em live organizada pela Arko Advice. “A relação entre Paulo Guedes e Jair Bolsonaro é muito boa. Essa informação não procede”, disse.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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