Categories: Política

Bolsonaro passa a ser assediado por partido

Há nove meses sem partido e ainda com dificuldades para tirar do papel o Aliança pelo Brasil, o presidente Jair Bolsonaro passou a ser cortejado por outras siglas com promessas que vão da fidelidade em votações no Congresso, controle de diretórios regionais a dinheiro para bancar sua campanha à reeleição, em 2022. O presidente admitiu o “assédio” de ao menos quatro legendas, mas disse que está conversando para decidir qual proposta aceitará.

O Progressistas, o PTB e o PSL, partido pelo qual o presidente foi eleito em 2018, confirmaram conversas com Bolsonaro. Neste último, a reconciliação depende ainda de um processo de pacificação interna na legenda, que inclui extinguir punições impostas a 19 deputados aliados ao governo, entre eles o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (SP).

“Diante da quase inviabilidade do Aliança, eles renunciariam ao pedido de criação do partido e ficariam no PSL definitivamente. Em troca, faríamos uma revisão antecipada das sanções”, disse o presidente do PSL, Luciano Bivar, ao Estadão/Broadcast, afirmando que ainda não teve uma resposta de Bolsonaro, mas que aguarda a evolução das conversas.

Lançado em novembro do ano passado, após o rompimento de Bolsonaro e Bivar, o Aliança havia conseguido apenas 3% das 490 mil assinaturas necessárias para conseguir o registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o fim de julho. Segundo representantes da nova sigla, o processo ainda está em andamento e já há 200 mil apoiadores, a maioria ainda pendente do aval da Corte.

Foi o próprio presidente, no entanto, que colocou em dúvida a viabilidade do projeto anteontem, em transmissão ao vivo pela internet. “Não posso investir 100% no Aliança, em que pese o esforço de muita gente pelo Brasil. Eu tenho de olhar outros partidos. Tenho recebido convites. Em três partidos, me convidaram para conversar. Um foi o Roberto Jefferson. Tem mais dois partidos também. Já conversei com os presidentes desses dois outros partidos. Tem uma quarta hipótese aí, o PSL”, afirmou.

Apesar das conversas com Bivar, parlamentares do PSL, como o senador Major Olimpio (SP) e o deputado federal Junior Bozzella (SP), se adiantaram em dizer que Bolsonaro não é bem-vindo.

Vantagem

O motivo do desentendimento, no ano passado, foi o controle da superpotência partidária que o PSL se tornou. Na onda do “bolsonarismo”, a sigla pulou de quatro para 52 deputados eleitos na Câmara, atrás apenas do PT, que elegeu 54.

O sucesso nas urnas se refletiu nos cofres do partido, que passou a ter o segundo maior quinhão do dinheiro público que abastece as legendas e na propaganda eleitoral na TV e no rádio – os critérios para a divisão levam em conta a votação para a Câmara. Estes fatores podem pesar na escolha do presidente, que poderá usar estas vantagens na sua campanha à reeleição.

Correndo por fora, o presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI), disse que já teve diversas conversas com Bolsonaro. A legenda passou a integrar oficialmente a base aliada do Congresso recentemente, como parte da estratégia do Palácio do Planalto de se aproximar do Centrão. Além cargos no Executivo, Bolsonaro entregou nesta semana a liderança na Câmara para o deputado Ricardo Barros (PR). “Toda vez fala em tom de brincadeira que está com saudade do partido e eu disse a ele que ninguém se perde no caminho de casa”, disse Nogueira. Bolsonaro foi filiado à sigla entre 2005 e 2016.

Além do apoio no Congresso, Nogueira declarou “fidelidade” ao projeto de reeleição de Bolsonaro. “Ofereci a ele o partido, que é o maior do centro, tempo de televisão e fidelidade total ao projeto de reeleição”, disse o senador, com a ressalva de que o apoio independe de Bolsonaro aceitar o convite.

Também na disputa pela filiação de Bolsonaro, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, prometeu dissolver todos os seus diretórios regionais e compor novas chapas ao lado do presidente. “Ele achou excelente e disse Roberto, em você eu confio, você é um homem de palavra”, disse Jefferson.

Para o vice-presidente do Aliança, Luís Felipe Belmonte, o assédio a Bolsonaro ocorre na esteira da melhora da aprovação do governo, mas garante que a legenda estará pronta até 2022. “Agora todo mundo quer o presidente no partido, mas ele não disse que não vai fazer o Aliança. Falou apenas que está analisando outras situações”, disse Belmonte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Camila Turtelli e Jussara Soares

Estadão Conteúdo

Recent Posts

Conselho de Administração da Light aprova novo plano de recuperação judicial

O Conselho de Administração da Light aprovou em reunião realizada no sábado, 18, os termos…

16 minutos ago

Vale confirma que fez nova proposta relacionada à barragem de Fundão, em Mariana

A Vale confirmou nesta segunda-feira, 20, que apresentou nova proposta relacionada ao rompimento da barragem…

24 minutos ago

Conselhos de Administração de Arezzo e Soma aprovam protocolo de regras para fusão

Os Conselhos de Administração da Arezzo e do Grupo Soma aprovaram em reuniões realizadas na…

43 minutos ago

Pimenta expõe divergências com Eduardo Leite e diz que discordâncias sobre RS vão aflorar

O ministro Paulo Pimenta, designado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para coordenar as…

21 horas ago

Blue Origin faz 1º voo suborbital com 6 tripulantes após falha de motor em 2022

Depois de quase dois anos, a Blue Origin, empresa de foguetes do bilionário Jeff Bezos,…

21 horas ago

Japão faz alerta depois de ursos atacarem diversas pessoas no nordeste do país

Autoridades do Japão alertaram os moradores para ficarem atentos à existência de ursos selvagens no…

22 horas ago