A melhora na popularidade do presidente Jair Bolsonaro – cujo governo está com a melhor aprovação desde o início do mandato, segundo pesquisa Datafolha – reduz as chances, que já eram remotas, de um impeachment, segundo avaliação feita pela Eurasia.
A consultoria de risco político cortou de 15% para 10% a probabilidade de o presidente perder o mandato e avalia ainda que a melhor aprovação de Bolsonaro enfraquece o risco fiscal do Brasil, já que fortalece o capital político do chefe do Executivo para levar adiante as reformas.
A Eurasia atribui o ganho de popularidade de Bolsonaro à estabilização no número diário de mortes por coronavírus no Brasil, que transmite uma percepção à opinião pública de que a pandemia parou de piorar, e ao auxilio emergencial, que alcançou 43% dos lares brasileiros.
Mesmo considerando a tendência de perda de popularidade do presidente quando o auxílio for retirado, a Eurasia diz que a chance de impeachment é improvável.
A consultoria assinala em seu relatório que o número de mortes causadas por covid-19 está caindo nos Estados mais afetados no início da pandemia, ao passo que, na maioria dos centros urbanos, o sistema público de saúde conseguiu dar conta do atendimento, evitando que o medo de cenas de “corpos nas ruas” se materializasse.
“Do ponto de vista da opinião pública, isso se traduz num ‘novo normal’ no qual a pandemia não está piorando. E para o público, a preocupação sobre a trajetória da doença provavelmente diminuiu. A gestão de Bolsonaro da covid-19 ainda não é um ativo, mas começa a ser um passivo menor”, avalia a Eurásia.
Mais do que isso, diferentemente de análises que apontam para a possibilidade de Bolsonaro manter os pesados gastos lançados no combate à pandemia para preservar o apoio popular, a consultoria avalia que o presidente, por não ter o seu mandato em risco, deverá se sentir menos pressionado a tomar medidas que colocam em risco as contas públicas.
Com o presidente ganhando popularidade, partidos de centro, avalia a Eurasia, também estarão menos propensos a votar contra a agenda do governo, de modo que, na visão da consultoria, o poder de barganha do presidente aumenta para encaminhar uma minirreforma fiscal capaz de conter as despesas públicas sem estouro do teto de gastos.
Por Eduardo Laguna, especial para o Broadcast
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