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Juros fecham em alta com temor fiscal e leilões de títulos no Brasil e EUA

A declaração conjunta em defesa do teto dos gastos, feita ontem à noite pelo presidente Jair Bolsonaro e os chefes do Legislativo, teve efeito limitado na curva de juros nesta quinta-feira, 13. Até conseguiu estancar a piora da inclinação no período da manhã, mas, à tarde, o risco de fracasso da agenda liberal voltou a pesar sobre os negócios em meio ainda aos impactos dos leilões de prefixados do Tesouro no Brasil e de Treasuries nos Estados Unidos.

As taxas fecharam em alta generalizada, mas, em linha com a tendência dos últimos dias, com mais força na ponta longa. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 2,81%, de 2,773% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2023 fechou em 4,00%, ante 3,953% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 5,82%, de 5,714% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 6,713% para 6,85%.

O Tesouro turbinou a oferta de papéis de curto e médio prazos – 38,5 milhões de LTN -, enquanto nos Estados Unidos a operação foi considerada malsucedida pela demanda abaixo da média, puxando para cima o yield dos títulos americanos. Mantida a aversão ao risco e mesmo com o dólar em queda, a inclinação da curva, que vem aumentando praticamente desde a decisão do Copom no dia 5, voltou aos níveis de maio, quando a pandemia ainda jogava a economia global para o fundo do poço.

A manhã foi de hesitação nos mercados, que tentavam melhorar a partir da queda nos pedidos semanais de auxílio-desemprego americano abaixo de 1 milhão pela primeira vez desde março e, por aqui, o investidor tentando dar um voto de confiança ao governo após o compromisso público ontem com a regra do teto de gastos. Até então os juros futuros oscilavam entre a estabilidade e viés de alta, mas à tarde passaram a subir de maneira consistente, sob influência de aspectos técnicos relacionados aos leilões aqui e nos Estados Unidos, realizados no fim da manhã.

Todas as questões técnicas pegaram um mercado bastante sensível com a questão fiscal e com a agenda de reformas, machucado pela “debandada” na equipe econômica. Com a declaração conjunta ontem de Bolsonaro, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), o teto de gastos e a pauta liberal ganharam pelo menos uma sobrevida, mas o mercado agora cobra medidas concretas. “Por mais que tenha tido a declaração, o estrago está feito. O mercado agora vai monitorar o grau de tolerância de Guedes a novas afrontas ao teto de gastos, mas sabe que a agenda não vai ser a mesma que era naquela data zero do governo”, disse Renan Sujii, estrategista de Mercados da Harrison Investimentos.

Nesse sentido, não passou despercebida a informação apurada pelo Broadcast de que, um dia após a defesa conjunta do teto, o governo prepara uma Medida Provisória para abrir um crédito extraordinário de cerca de R$ 5 bilhões para custear investimentos em infraestrutura e ações indicadas por parlamentares. O acordo em torno da medida foi selado ontem entre Bolsonaro, ministros e lideranças do Congresso Nacional.

A agenda do dia trouxe a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), com avanço do volume de 5% em junho ante maio, acima da mediana das estimativas, de 4,35%, mas sem efeito relevante na curva de juros.

Contato: denise.abarca@estadao.com

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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