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Governo de São Paulo vai medir rapidez na leitura de crianças

O governo estadual de São Paulo prepara um teste para medir a fluência na leitura de alunos da rede pública do 2º, 3º e 6º ano (7, 8 e 11 anos de idade) do ensino fundamental. A avaliação será aplicada após a volta às aulas presenciais e terá como objetivo diagnosticar a rapidez com que os alunos estão lendo.

Escolas estaduais e municipais de São Paulo estão fechadas desde março, após o decreto de quarentena, para conter a disseminação do novo coronavírus. A previsão é de que as aulas retornem em 7 de outubro em todo o Estado. Cidades com estabilização da pandemia há 28 dias terão aval para abrir as escolas em 8 de setembro.

A avaliação de fluência leitora já é adotada em algumas redes de ensino do País, como em Sobral (CE), que tem bons indicadores de leitura. Por meio desse tipo de avaliação, é possível medir quantas palavras um aluno lê por minuto. No caso da cidade cearense, o teste é feito desde o 1.º ano do fundamental e espera-se que as crianças leiam 60 palavras por minuto.

Segundo o secretário estadual de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, a avaliação de fluência será feita por meio de uma gravação no celular. Todos os alunos do 2º, 3º e 6º ano da rede estadual passarão pelo teste, que incluirá até mesmo palavras que não existem, “para ver a junção do fonema com as letras e o sentido”. Testes de fluência de leitura são aplicados por redes de ensino que entendem que a alfabetização é uma decodificação e são mais ligados ao método fônico, que põe ênfase nos sons das letras.

“Sou extremamente favorável a verificar como está a fluência do aluno no momento adequado. Isso não quer dizer ficar preso a uma metodologia exclusiva de alfabetização. O professor tem de usar várias metodologias dependendo do perfil do aluno para que ele possa avançar”, diz Rossieli. O secretário prevê que a avaliação seja aplicada após o período de acolhimento dos alunos da rede.

Neste ano, não deverá haver teste de fluência na leitura para estudantes do 1º ano do ensino fundamental – esses deverão participar da avaliação de fluência de leitura a partir do ano que vem. A rede estadual tem 627.326 estudantes matriculados nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ano 5º ano).

Para Anna Helena Altenfelder, a alfabetização é uma fase “delicadíssima” da aprendizagem, que pode ser profundamente impactada pelo período sem aulas presenciais. Isso porque o processo requer a presença de um profissional formado para essa atividade. “A mediação de um adulto na alfabetização é importante. Ele faz a ligação entre a criança e o objeto de conhecimento, que no caso é a leitura e a escrita”, diz Anna Helena.

Com as escolas fechadas, esse papel de mediador tem sido desempenhado pelos pais, com o apoio das escolas, mas há dificuldades de garantir que a intervenção dos pais seja adequada e suficiente. Em muitos casos, faltam materiais, como livros, e o nível de letramento e alfabetização das famílias é diverso. “Mesmo em São Paulo, temos famílias que não tiveram o direito de se apropriar da leitura e da escrita.”

Para a especialista, avaliações diagnósticas para o retorno presencial são importantes, mas é preciso garantir condições para que os professores façam as intervenções necessárias. Ela também destaca que a alfabetização envolve várias habilidades e a fluência leitora é apenas uma das competências. “É preciso que se compreenda o processo de alfabetização de maneira mais ampla e que se compreenda também o processo de letramento, o conhecimento dos usos e funções sociais da leitura e da escrita.”

Na rede municipal, não estão previstas avaliações de fluência na leitura. “Nós não praticamos esse teste até porque ele é baseado em outra concepção de alfabetização. A gente compreende a capacidade de produzir textos ou ler de forma fluente através de outras atividades. É no dia a dia da sala de aula que a criança vai mostrando a capacidade de ler de forma fluente”, diz a secretária adjunta da Secretaria Municipal de Educação, Minea Paschoaleto Fratelli.

Na rede municipal de São Paulo, a meta é alfabetizar crianças até o fim do 2º ano do ensino fundamental (7 anos), mas a secretária entende que, com o isolamento social imposto pela pandemia, em alguns casos o processo de alfabetização possa ser concluído no 3º ano do fundamental.

Brasil

O Ministério da Educação (MEC) também pretende lançar uma avaliação ainda este ano para medir quantas palavras por minuto são lidas pelas crianças do 2º ano do ensino fundamental. Ao Estadão, o MEC informou que está trabalhando com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) na execução do Estudo Nacional de Fluência.

Por Júlia Marques

Estadão Conteúdo

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