A cidade de São Paulo ultrapassou oficialmente a marca das 10 mil mortes por covid-19 na quarta-feira, 5, conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde. A capital responde por mais de um em cada dez óbitos no País e representa 41,7% do total de fatalidades no Estado, que lidera em casos e óbitos.
O Brasil é o segundo no mundo em relatos, mas se só a capital paulista fosse um país estaria em 13.º em óbitos, conforme dados oficiais levantados pelo site Worldometers. Superaria, por exemplo, o total de mortos em Chile, Argentina, Alemanha e África do Sul.
São 10.055 vítimas em menos de cinco meses. Conforme um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo no TabNet, banco de dados oficial da Secretaria Municipal da Saúde – a primeira morte pelo novo coronavírus na capital paulista ocorreu em 12 de março.
A Prefeitura utiliza atualmente o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade no Município de São Paulo (PRO-AIM), que processa declarações de óbitos, para lançar as informações na base de dados da doença. Assim, os números ficam mais precisos.
Nos gráficos, é possível ver a evolução das mortes por covid-19 na capital paulista com base na data exata de ocorrência do óbito.
Em 26 de março, dois dias após o início do isolamento, com o funcionamento apenas de serviços essenciais, o Município de São Paulo já registrava 185 óbitos.
Foram necessários quatro dias para esse número dobrar. No começo de abril, a cidade ultrapassou os mil mortos, chegando a 1.040.
No dia em que mais de 3,1 mil pessoas já haviam morrido pela doença, em 7 de maio, passou a valer a obrigatoriedade do uso de máscara.
Até o último dia daquele mês, já eram 5.525 vidas perdidas. São Paulo passou das 9 mil no décimo quinto dia de julho.
A cidade completa 10 mil mortos pela doença 141 dias após o anúncio da primeira vítima. Nas últimas semanas, tem se observado uma estabilização de casos, óbitos e redução de internação.
Mas para as famílias dos mortos – de todas as idades, gêneros, raças e áreas da cidade – o luto se mantém.
Perfil
O jornal O Estado de S. Paulo fez um levantamento na base de dados da Prefeitura, atualizada em 30 de julho, sobre o perfil das pessoas que morreram por causa da covid-19 na cidade de São Paulo. São considerados 9.752 registros de mortes confirmadas por declarações de óbitos.
A análise possibilitou ver que 55,8% dos óbitos são de pessoas com 70 anos ou mais. Quase 19% estavam na faixa de 40 a 59 anos e 21,4% tinham entre 60 e 69 anos. Crianças com menos de 1 ano até adultos com 24 anos são os menos afetados e representam 0,5%.
Na idade, o perfil é semelhante à conjuntura nacional e o mesmo vale para quando se analisa o recorte por gênero. A maioria das pessoas que morreram por infecção do novo coronavírus é de homens (5.525, ou 56,7%) enquanto 43,3% (4.225) são mulheres.
Brancos
Os números indicam ainda a prevalência de mortes por covid-19 entre brancos, mas com risco relativo maior para negros (soma de pretos e pardos). Do mesmo modo, embora a doença tenha atingido primeiramente os bairros centrais e mais nobres da cidade, a epidemia se espalhou para as periferias, onde hoje se concentram os números mais altos.
Até 30 de julho, as vítimas do novo coronavírus classificadas por raça/cor eram 5.938 brancas, 913 pretas, 220 amarelas, 2.326 pardas e 7 indígenas.
No recorte por idade e raça/cor, ganha destaque a faixa etária de 40 a 44 anos, em que a soma das mortes de pretos e pardos é pouco maior do que a de brancos: 128 ante 112, respectivamente.
Apesar disso, de acordo com o último boletim epidemiológico da Prefeitura, divulgado em 30 de abril, o risco de morte de negros é 62% maior em relação aos brancos e 23% a mais no caso dos pardos. O jornal O Estado de S. Paulo enviou à gestão municipal um pedido de atualização desses dados, considerando o momento atual, mas não obteve retorno até as 21 horas da quarta-feira.
Pela análise geográfica, é possível entender como a pandemia avançou para a periferia. Os 25 primeiros distritos com mais mortes pelo novo coronavírus estão nas zonas afastadas do centro da cidade e, juntos, somam 4.109 óbitos (42,1% do total). Em primeiro lugar está Sapopemba, seguido por Jardim Ângela, Brasilândia e Capão
Redondo.
É nessas regiões que se encontra a população mais vulnerável em termos sociais, educacionais, econômicos e de saúde. São lugares onde muitas pessoas tiveram de continuar trabalhando durante a quarentena, se expondo ao risco de contágio, e não puderam fazer um isolamento social adequado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Ludimila Honorato
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