A Iguatemi (IGTA3) divulgou nesta terça-feira (4), após o fechamento dos mercados, seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2020. Os números foram bastante afetados pela pandemia e a queda nos seus principais indicadores operacionais foi muito expressiva, acima das nossas expectativas iniciais.
Ao contrário do que foi realizado no 1T20, a companhia decidiu por “linearizar” os descontos concedidos nos aluguéis neste trimestre por um prazo médio de 30 meses, conforme o prazo dos contratos vigentes.
Os destaques negativos ficaram por conta da queda nos números operacionais. O indicador de Vendas Mesmas Lojas (SSS) recuou 70,6% no período, enquanto o Aluguel Mesmas Lojas (SSR) caiu 79,1%.
Já o destaque positivo foi a queda de 28,8% na linha de custos e despesas no trimestre, totalizando R$ 39 milhões. O resultado, contudo, não foi capaz de reverter as perdas nas principais linhas.
O Ebtida, por consequência, totalizou R$ 114,93 milhões, uma queda de 16,5% na comparação anual. Da mesma forma seu lucro líquido, que fechou o trimestre em R$ 46,2 milhões, queda de 23%.
Os números apresentados pela Iguatemi foram ruins, com impacto da Covid-19 acima do esperado. Assim, analistas esperam impacto negativo no preço das ações da Iguatemi (IGTA3) no curto prazo.
No ano as ações da Iguatemi (IGTA3) seguem pressionadas e registram forte queda de 38%, desvalorização maior do que o recuo de 12,5% no Ibovespa. O mercado segue cético com as companhias de shopping centers no Brasil, um dos setores mais afetados pelo cenário de pandemia
Desconsiderando o efeito da linearização nos aluguéis, a receita líquida teria sido de R$ 85,2 milhões, queda de 60% na comparação com o 2T19, enquanto o Ebtida seria de R$ 39,2 milhões e queda de 71%. Já o lucro de R$ 69 milhões obtidos no 2T19 seria revertido para um prejuízo de R$ 7,8 milhões.
O lucro líquido ajustado por itens que não afetam o caixa (FFO) foi de R$ 83,57 milhões, 8,8% a menos que no resultado apresentado no mesmo período do último ano. Considerando, contudo, o resultado sem a linearização, o FFO foi de R$ 29,4 milhões, bastante pior.
Os resultados foram fortemente impactados pelo fechamento das suas unidades durante todo mês de abril e boa parte de maio e junho. A volta das atividades vem sendo gradual e muito lenta, com inúmeras restrições e baixa confiança e aderência do consumidor.
A companhia adiou a cobrança de aluguel de abril de todos os seus lojistas para outubro além de isentar os aluguéis de maio e junho, através de análises individuais para cada lojista. Também foram concedidos descontos nos fundos de promoção e nas taxas de condomínio como forma de apoiar o fluxo de caixa dos parceiros.
Além disso, analistas estimam que a companhia realizou provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) da ordem de R$ 10 milhões, premeditando algumas perdas permanentes com as cobranças de aluguéis à frente,
A companhia emitiu debêntures no total de R$ 300 milhões no trimestre com prazo de 3 anos e taxa CDI + 3% ao ano, e fechou com caixa de R$ 1.120 milhões, com nível de endividamento medido pela relação dívida líquida/Ebitda de 2,66 vezes. Os vencimentos de dívida no curto prazo (12 meses) somam R$ 333 milhões.
Os principais catalisadores das ações IGTA3 e do setor de shopping centers são: duração da quarentena nos grandes centros, bem como o ritmo de recuperação na confiança do consumidor e nas vendas do varejo físico.
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