O ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, investigado por suspeita de organizar um esquema de “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) quando o parlamentar era deputado estadual no Rio de Janeiro, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) que conversou com o filho do presidente da República, Jair Bolsonaro, depois que o suposto esquema foi denunciado e que “ele estava muito chateado”. Um vídeo com trechos do depoimento, prestado em 2 de julho, foi divulgado na segunda-feira, 3, pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
“Aí começaram a fazer, fazer, e eu tive um contato com o senador, que era deputado, mas já estava eleito, e eu dei satisfação a ele do que aconteceu. Ele estava muito chateado, revoltado, ele falou ‘não acredito que tu tenha feito isso’. Eu tinha que dar uma satisfação a ele, encontrei com ele, não demorou cinco minutos, eu estava com muita vergonha, porque aconteceu isso e foi um fato isolado meu, eu resumi pra ele e nunca mais estive com ele”, afirmou Queiroz em depoimento prestado ao procurador da República Eduardo Benones quando Queiroz ainda estava detido no presídio de Bangu 8, na zona oeste do Rio.
Em 10 de julho, ele passou a cumprir prisão domiciliar, e desde então está em seu apartamento na Taquara, outro bairro da zona oeste do Rio.
O depoimento foi prestado no âmbito da investigação sobre suposto vazamento da Operação Furna da Onça, em que Queiroz foi investigado.
Segundo o empresário Paulo Marinho, suplente e ex-aliado de Flávio Bolsonaro, detalhes da investigação foram prestados com antecedência por um delegado da Polícia Federal a assessores e amigos do senador, que então teria pedido uma reunião com Marinho para receber orientação jurídica.
Os trechos do depoimento de Queiroz exibidos pelo Jornal Nacional não mostram comentários do ex-parlamentar sobre o suposto vazamento.
Queiroz afirmou que não se lembra de ter conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre a acusação de “rachadinha”, e que, se não tivesse sido alvo da investigação, teria ido trabalhar com Flávio ou Jair Bolsonaro em Brasília.
Até o fechamento deste texto, a reportagem não havia obtido um posicionamento das partes citadas.
Por Fábio Grellet
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