O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub foi confirmado nesta quinta-feira, 30, como diretor executivo do Banco Mundial, que tem sede em Washington (EUA), informou a instituição. Weintraub será representante do grupo de países (constituency) formado por Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago.
“O Sr. Weintraub deve assumir seu cargo na primeira semana de agosto e cumprirá o atual mandato que termina em 31 de outubro de 2020, quando a posição será novamente aberta para eleição. Diretores Executivos não são funcionários do Banco Mundial. Eles são nomeados ou eleitos pelos representantes dos nossos acionistas”, diz a nota da instituição.
O Banco não informou até o momento quais países representados pela diretoria que Weintraub irá ocupar foram favoráveis à nomeação do brasileiro e se houve algum voto contrário.
A confirmação do nome de Weintraub na eleição interna do consórcio de nove países do qual o Brasil faz parte era considerada meramente protocolar. Como o Brasil tem mais de 50% do poder de voto da chamada constituency, o País conseguiria eleger o diretor executivo ainda que os demais se oponham. No cargo, o ex-ministro receberá salário de US$ 21,5 mil mensais (o equivalente a R$ 110 mil).
Weintraub foi indicado em 17 de junho pelo Ministério da Economia para assumir uma diretoria executiva no banco ao deixar o governo Bolsonaro. Integrante da chamada ala ideológica do governo e amigo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, Weintraub acumulou crises nos 14 meses em que esteve à frente do Ministério da Educação, incluindo embates com o governo chinês e com os ministros do Supremo Tribunal Federal, os quais chamou de “vagabundos” em reunião ministerial de abril que teve vídeo divulgado.
O ex-ministro saiu do País rumo aos Estados Unidos às pressas em junho, antes da publicação de sua exoneração do governo. Ele é investigado no chamado inquérito das fake news, que tramita no STF, e também alvo de inquérito no qual é acusado de racismo. Weintraub embarcou aos EUA no mesmo dia em que um senador da Rede protocolou pedido de apreensão do passaporte do ex-ministro, para evitar que ele deixasse o País.
A forma de entrada do ex-ministro nos EUA não foi esclarecida até o momento. Até a oficialização realizada nesta quinta-feira ele não tinha vinculação com o Banco Mundial. O jornal O Globo revelou que o Itamaraty pediu no dia 18 de junho à embaixada americana um visto de entrada para Weintraub com dados do passaporte diplomático ao qual o brasileiro tinha acesso por ser ministro da Educação, no mesmo dia em que ele anunciou a saída do cargo. O ministro embarcou para a Flórida no dia 19 de junho.
Protesto
No final de junho, funcionários do banco protestaram contra a indicação de Weintraub. A Associação de Funcionários do Banco Mundial chegou a pedir que o Comitê de Ética da instituição suspendesse e investigasse a indicação do ex-ministro da Educação do Brasil. A direção do Comitê de Ética do banco afirmou que não exerce influência sobre a seleção dos diretores executivos indicados pelos países que integram o banco e que Weintraub estaria submetido ao código de conduta da instituição apenas após assumir o cargo.
O grupo que representa os trabalhadores do banco afirma que o caso Weintraub expôs uma “falha fundamental na governança” do banco. “É razoável esperar que o Banco Mundial tenha uma opinião sobre as qualificações básicas necessárias para assumir essas posições. Deveria ser bastante razoável esperar que o Banco Mundial tenha uma palavra a dizer quando o candidato nos expõe a um risco de reputação considerável e compromete nossa capacidade de cumprir nossa missão”, afirmam os funcionários.
Os funcionários prometeram “comemorar em uma maneira diferente” se Weintraub fosse oficializado como diretor e cobraram do Comitê de Ética uma “palestra severa” para o primeiro dia de trabalho do brasileiro.
Por Beatriz Bulla; correspondente
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