Com desempenho negativo na Europa e ao final positivo nos EUA, a moderada cautela no exterior contribuiu para que o Ibovespa, desde mais cedo na sessão, passasse por realização de lucros em fim de mês, tendo saído da faixa de 95 mil no encerramento de junho para a de quase 103 mil no de julho, chegando à marca de 105 mil nos dois fechamentos anteriores ao desta sexta-feira, 31, renovando assim as máximas desde 4 de março. Hoje, fechou em baixa de 2,00%, aos 102.912,24 pontos, acumulando leve ganho de 0,52% na semana, após perda bem semelhante, de 0,49%, no intervalo anterior.
Na virada da primeira para a segunda quinzena do mês, o índice da B3 se firmou na faixa de seis dígitos, reconquistada pela primeira vez desde o início de março durante a sessão de 9 de julho e no fechamento do dia seguinte. Assim, em julho, o índice fecha com ganho de 8,27% um pouco abaixo dos observados nos dois meses anteriores (8,76% em junho e 8,57% em maio). O desempenho de julho foi o melhor para o mês desde 2018 (+8,88%).
Na mínima de hoje, por volta de 15h15, o índice apontava perda de 2,25%, aos 102.642,04 pontos, saindo de máxima pela manhã, em terreno positivo, aos 105.462,13, quando avançava em torno de 454 pontos na sessão. Anteontem, os ganhos do Ibovespa em julho chegavam a 11,10%, passando a 10,47% no fechamento de quinta-feira, ambos superando os 10,25% acumulados em abril, o primeiro e até aqui melhor mês de recuperação desde o tombo de 29,90% em março. O giro financeiro de hoje totalizou R$ 34,7 bilhões e o índice acumula agora perda de 11,01% no ano.
O movimento desta sexta-feira foi visto como ajuste natural de fim de período, com o desempenho tímido do exterior favorecendo a realização de lucros nesta última sessão de julho, mês em que os ganhos acumulados em Nova York ficaram entre 2,39% (Dow Jones) e 6,77% (Nasdaq). As ações de commodities e bancos pesaram no desempenho do Ibovespa nesta última sessão, com perdas acima de 2% para Petrobras (PN -2,72% e ON -2,66%), apesar do balanço trimestral relativamente positivo, e entre 3% e 4% para o setor de bancos, com Bradesco PN à frente (-4,14%).
O ajuste negativo foi bem distribuído na sessão, em que poucas ações conseguiram mostrar alta no fim do dia – destaque para Cielo (+10,95%), Ecorodovias (+6,92%) e TIM (+6,42%), na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira. No lado oposto, Cogna caiu 12,47%, no primeiro dia de negociação da subsidiária Vasta na Nasdaq, seguida por Ambev (-4,47%) e Embraer (-4,28%).
“Ao fim, o dia em Nova York acabou se mostrando positivo, especialmente para tecnologia, enquanto o Dow Jones refletia mais cedo o balanço da Chevron, que segurou Petrobras um pouco aqui – os números da própria Petrobras vieram em parte bons, em parte nem tanto. Seguimos muito atados ao exterior, na falta de novidades por aqui”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença. Ele antecipa volatilidade para agosto, com a aproximação da eleição americana, que tende a elevar a fervura na relação EUA-China, na medida em que o presidente Donald Trump, atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas – e que opta por campanha muito discreta, sem movimentos em falso -, tem escolhido os chineses como antagonistas.
Mesmo aparado nesta última sessão de julho, o desempenho acumulado pelo Ibovespa desde 31 de março é bem significativo, com recuperação de 40,93%, encerrando a série abril-julho acima da sequência positiva de quatro meses entre fevereiro e maio de 2009, quando o Ibovespa teve avanço de 39,32% – então, em nível de pontuação bem inferior ao atual, entre 38.183 e 53.197 pontos. Agora, a performance do Ibovespa desde abril até o fechamento de julho passa a ser a melhor desde o agregado de 46,54% entre setembro e dezembro de 2003, segundo o AE Dados.
Em dólar, o Ibovespa neste fim de julho ficou em 19.726,32, ante 17.472,85 pontos no encerramento do mês anterior e a 16.370,89 no fechamento de maio, que já era uma leitura mais apreciada do que a de abril e março. Em julho, o dólar caiu 4,03%, contraposto a um avanço de 8,27% para o Ibovespa no mês. No fim de janeiro, o Ibovespa dolarizado estava em 26.548,55, passando a 23.260,37 pontos no encerramento de fevereiro e a 14.051,44 no de março.
Por Luís Eduardo Leal
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