O comércio de rua do Rio de Janeiro acumulou perdas de 80% nas primeiras semanas de julho, apesar da flexibilização das atividades autorizada pela prefeitura carioca no final de junho passado. Atualmente, as perdas estão, em média, entre 50% e 60%, disse hoje (28) à Agência Brasil o presidente do Clube dos Diretores Lojistas do Rio (CDL Rio) e do Sindicato de Lojistas do Comércio (SindilojasRio), Aldo Gonçalves. As duas entidades representam 25 mil lojistas. “E não há nenhum sinal de recuperação”, apostou. “Só para aqueles que conseguirem sobreviver. E serão poucos”.
Gonçalves afirmou que o fraco movimento se deve a dois motivos principais. O índice de desemprego no estado, que já era o maior do país, aumentou muito, porque “houve muita redução de contratos de trabalho, de jornada e, consequentemente, redução de salários. Então, tem muita gente sem emprego ou com orçamento reduzido e não pode comprar. Há também ainda receio da doença (covid-19), mas principalmente é a questão do desemprego”. Segundo o presidente do CDL Rio, o comércio está sem perspectiva no curto prazo. “Mas os camelôs estão a pleno vapor”, criticou, referindo-se ao comércio informal, considerado um dos grandes entraves ao desenvolvimento das lojas legalizadas.
O presidente da Sociedade dos Amigos da Rua da Alfândega e Adjacências (Saara), Eduardo Blumberg, disse à Agência Brasil que o problema no comércio do centro da capital fluminense foi o home office (trabalho em casa). “Muitas empresas deram home office até o final do ano e isso está derrubando muito o centro. Sem contar que falta turistas na cidade. São essas dificuldades do pequeno empresário.O movimento caiu muito”. A queda foi de 50%, na média, indicou Blumberg.
Alguns comerciantes conseguiram se recuperar porque se adaptaram rapidamente às vendas pela internet, com propaganda nas mídias sociais. “Isso ajudou muito o comércio, mas nós estamos sentindo muito a falta da pessoa que trabalha nas redondezas, que é o grande consumidor do centro da cidade”.
Na avaliação do presidente do CDL Rio e Sindilojas, Aldo Gonçalves, é difícil ter expectativa positiva para o Dia dos Pais, “porque as pessoas estão sem dinheiro”. Lembrou que no ano passado, devido à crise econômico financeira do estado, todas as datas comemorativas tiveram resultados negativos. Com a pandemia do novo coronavirus, o problema se agravou. “Não se pode esperar um milagre”, disse Gonçalves.
O presidente da Saara, Eduardo Blumberg, também está pessimista, além de considerar a data comemorativa uma das mais fracas do ano normalmente. “Não acredito que vá ter aumento das vendas este ano. Em relação ao ano passado, vai cair”.
Blumberg afirmou que falta financiamento para os pequenos empresários. Embora já se veja uma quantidade significativa de pessoas nas ruas que compõem a Saara, ele comentou que nem de longe esse movimento se aproxima do grande volume de pessoas “que a gente está acostumado a ver na região, principalmente na hora de pico do almoço, entre 11h30 e 14h. Você vai ver muitas pessoas. Mas o nosso volume de pessoas é muito maior que esse”.
Na Rua da Carioca, também no centro da cidade, a maioria das lojas se encontra fechada. As que ainda resistem tiveram de efetuar cortes nos quadros de funcionários. Na zona sul, a situação não é diferente. Muitos lojistas estão sendo obrigados a encerrar os negócios porque não têm condições de bancar as despesas.
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