A indústria da construção ainda apresenta índice de ociosidade, com atividade enfraquecida em razão das dificuldades enfrentadas pelo setor durante a pandemia do novo coronavírus. Apesar disso, os índices de nível de atividade e de número de empregados tiveram alta em junho, com melhora na confiança do setor e nos índices de expectativa e intenção de investimento. Os dados constam da Sondagem Indústria da Construção, divulgada nesta sexta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com a pesquisa, o indicador de evolução do nível de atividade passou de 37,1 pontos em maio para 44,3 pontos em junho. Apesar do indicador de junho ainda indicar queda, a CNI destaca que ele se aproximou da linha divisória dos 50 pontos, sugerindo um recuo menos acentuado do que o observado em meses anteriores. O índice varia de zero a 100, sendo que valores abaixo de 50 mostram queda na atividade.
O indicador de evolução do número de empregados atingiu 43,4 pontos em junho ante 37,5 pontos registrados em maio. Além de se aproximar dos 50 pontos, o índice está próximo da média histórica de 43,8 pontos.
Com relação à Utilização da Capacidade Operacional (UCO), houve um pequeno aumento no mês passado, mas ela ainda segue baixa, mostrando ociosidade do setor. A UCO atingiu 55% em junho, uma alta de dois pontos porcentuais na comparação com maio. “Apesar da melhora, a ociosidade do setor permanece elevada e a UCO segue abaixo de sua média, de 61%. O indicador está 2 p.p. abaixo do valor observado em junho de 2019”, destaca a CNI na pesquisa.
Confiança
Apesar das dificuldades atuais, o Índice de Confiança do Empresário da Construção (ICEI-Construção) aumentou 3,7 pontos e ficou em 46,3 pontos em julho. Segundo a CNI, essa é a terceira alta consecutiva do índice, após as fortes quedas em março e abril. “Apesar da recuperação recente, o índice continua demonstrando falta de confiança do empresário ao se posicionar abaixo da linha divisória. Também segue abaixo da média histórica de 53,5 pontos”, destaca a pesquisa.
Entre os componentes do ICEI-Construção, o indicador de expectativa aumentou 4,4 pontos e o de condições atuais teve alta de 2,3 pontos, mostrando que as expectativas futuras são mais positivas.
A entidade destaca que a maioria dos indicadores de expectativas está bem próxima à linha divisória dos 50 pontos, que separa o otimismo do pessimismo. “Os empresários esperam estabilidade do nível de atividade nos próximos seis meses, e não esperam mais quedas significativas”, destaca. Os indicadores de expectativas de compras de insumos e matérias-primas e do número de empregados registraram 49,5 e 49,4 pontos, respectivamente.
O indicador de expectativa em relação ao número de atividade registrou 50,1 pontos, o que demonstra, segundo a CNI, que a expectativa em relação à atividade do setor para os próximos meses passou de negativa para neutra. Já o índice de expectativa em relação a novos empreendimentos e serviços ficou em 48 pontos. “O empresário ainda espera queda no número de novos empreendimentos e serviços nos próximos seis meses”, destaca a pesquisa.
Com relação à intenção de investimento, a pesquisa mostra maior disposição do empresário da construção em investir. O índice que mede a intenção de investimento teve alta de 3,8 pontos em julho, registrando 34,8 pontos. O indicador, no entanto, ainda está distante do patamar registrado antes da crise, que era acima de 40 pontos.
Condições financeiras
A crise provocada pela pandemia da covid-19 ainda compromete as condições financeiras das empresas. De acordo com a Sondagem, os indicadores que medem essas condições permaneceram inalterados no segundo trimestre, em patamar que mostra insatisfação. O indicador de situação financeira no trimestre aumentou 0,1 ponto na comparação com o primeiro trimestre, registrando 38,7 pontos. A média da série que teve início em 2009 é de 44 pontos.
O índice de satisfação com a margem de lucro operacional também ficou estagnado em 34,1 pontos, indicando insatisfação dos empresários. De acordo com a pesquisa, o acesso ao crédito se tornou ainda mais difícil. O índice de facilidade de acesso ao crédito recuou 1,7 ponto no segundo trimestre ante o período anterior, ficando em 30,5 pontos, bem abaixo da linha divisória dos 50 pontos.
Entraves
A Sondagem ouviu também dos empresários quais os problemas que mais afetaram o setor no segundo trimestre. O item mais assinalado foi a demanda interna insuficiente, com 32,8% das indicações. Em seguida, aparece a elevada carga tributária (com 31,8% de assinalações), e a burocracia excessiva (28,4%).
Entre os problemas enfrentados pelos empresários da construção, a burocracia excessiva e a insegurança jurídica foram os itens que tiveram maior aumento no número de reclamações, na comparação com o primeiro trimestre. A burocracia excessiva passou de 26,6% para 28,4% e a insegurança jurídica passou de 13,6% para 16% de assinalações no período.
A Sondagem da Indústria da Construção foi realizada de 1º a 13 de julho, com 453 empresas, sendo 159 de pequeno porte, 196 de médio porte e 98 de grande porte.
Por Sandra Manfrini
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