Categories: Economia

Oi fecha acordo de exclusividade com Highline para venda de telefonia móvel

A operadora Oi anunciou na quinta-feira, 23, que fechou um acordo de exclusividade com a Highline do Brasil para a venda de sua unidade de telefonia móvel da operadora. A empresa – especializada em infraestrutura de telecomunicações e controlada pela americana Digital Colony – colocou na mesa um valor superior ao preço mínimo de R$ 15 bilhões estabelecido para a Oi Móvel. Segundo a operadora, a proposta da Highline superou tanto a feita pelas três líderes do setor – Vivo, Claro e TIM – quanto a da concorrente mineira Algar Telecom.

Segundo a Oi, o acordo tem validade até 3 de agosto, mas pode ser prorrogado por meio de acerto entre as partes. Além da vantagem econômica, a oferta da Highline tem outra vantagem comparada à proposta da concorrência: uma chance maior de aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o xerife da concorrência no País.

A Oi enfrenta desde junho de 2016 um complicado processo de recuperação judicial marcado por várias tentativas de vendas de ativos e de atração de sócios que não se concretizaram. Na época do anúncio, a recuperação da Oi, com dívidas de R$ 65 bilhões, chegou a ser maior da história. Ao longo do tempo, foi superada pelo processo da gigante Odebrecht.

A Highline já havia feito uma oferta vinculante por outra UPI (unidade produtiva independente, que permite a venda separada de negócios por empresas em recuperação judicial), a Torres, que engloba sites de transmissão de radiofrequência da companhia. O valor oferecido foi de R$ 1,076 bilhão.

Especializada de infraestrutura de telecomunicações, a Highline do Brasil não opera telefonia móvel ao consumidor final, ao menos até agora. A companhia, fundada pelo Pátria Investimentos em 2012 e hoje controlada pela americana Digital Colony, oferece projetos para a construção de torres e estruturas de transmissão de dados no topo de edifícios, entre outros serviços de apoio à ampliação do alcance da cobertura.

A empresa constrói as estruturas para as companhias de telecomunicações. A oferta pela Oi Móvel surpreende por posicionar a Highline em um serviço direto ao consumidor final, colocando-a também como rival de parte de suas clientes.

O Digital Colony, controlador da Highline, é parte do fundo de investimentos digitais da Colony Capital. O fundo comprou a empresa do Pátria Investimentos em dezembro de 2019, por um valor não revelado à época. Com isso, adicionou o Brasil a um portfólio de investimentos que congrega outras 14 empresas na América Latina, na América do Norte e na Europa. No Brasil, o fundo comprou, em abril, a UOL Diveo, antiga operação de data center do Grupo Folha, por um valor entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões, segundo a agência de notícias Bloomberg.

Concorrência

Uma das vantagens da Highline em relação à proposta conjunta de Vivo, Claro e TIM é a possibilidade de aprovação do negócio em relação a órgãos reguladores. Dentro do Cade, a aposta é que o acordo vai ser facilmente aprovado, uma vez que não reduz a concorrência no setor – o que fatalmente ocorreria caso os ativos fossem fatiados entre as atuais líderes do segmento. Um integrante do Cade, no entanto, disse ao Estadão/Broadcast que a divisão entre as demais operadoras teria “altíssimas chances” de ser reprovada. Sob pressão dos credores, essa possibilidade não seria bem-vinda para a Oi.

Prova disso é que, no ano passado, a compra da Nextel – que tinha participação pífia no mercado, de pouco mais de 1% – pela Claro levou nove meses para receber o aval do órgão antitruste brasileiro. Apesar de o Cade ter aprovado o negócio sem impor restrições em dezembro de 2019, o conselheiro Sérgio Ravagnani, relator do processo, ressaltou na ocasião que o mercado de telefonia móvel já apresenta grau de concentração significativo e que novos negócios deveriam ser acompanhados com atenção.

De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Vivo lidera atualmente o mercado de telefonia móvel por ampla margem. A empresa controlada pela espanhola Telefônica detinha 33% do setor em maio, com 74,4 milhões de clientes. A Claro em vem segundo, com fatia de 25,9% e um total de 58,5 milhões de consumidores. Em terceiro está a TIM, com 23,2% e 52,3 milhões de acessos. A Oi hoje é a quarta – e mais frágil – participante do setor. Tem 16,3% do total, com 36,7 milhões de linhas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Matheus Piovesana e Lorenna Rodrigues

Estadão Conteúdo

Recent Posts

ABBC diz que redução no teto do consignado INSS prejudica bancos de menor porte

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirma que as reduções do teto dos juros do…

10 horas ago

Governo enviará MP para flexibilizar lei de licitações em casos de calamidade, diz ministra

A ministra da Gestão, Esther Dweck, anunciou que o governo federal enviará uma Medida Provisória…

10 horas ago

AGU parabeniza 3 Poderes por ‘alto nível de diálogo interinstitucional’ sobre desoneração

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, comemorou na rede social X (antigo…

10 horas ago

Consulta pública para projeto rodoviário da Nova Raposo recebe quase 2 mil contribuições

A consulta pública do projeto da rodovia Nova Raposo, em São Paulo, contou ao todo…

10 horas ago

Susep suspende por 30 dias prazos de processos sancionadores para seguradoras do RS

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) aumentou prazos e suspendeu entregas de materiais regulatórios para…

10 horas ago

Febraban: doações de associados para socorro ao Rio Grande do Sul chegam a R$ 145 mi

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e bancos associados à entidade já doaram R$ 144,6…

10 horas ago