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Pazuello evita comentar alerta feito por comitê e defende medicação precoce

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta quinta-feira, 23, que não cabe ao governo federal executar ou se pronunciar sobre medidas de distanciamento social durante a pandemia. O general havia sido questionado, em entrevista à imprensa em Curitiba (PR), sobre alerta feito por um comitê da Saúde, revelado pelo Estadão, de que, sem isolamento, efeitos da pandemia devem durar até dois anos.

“Não cabe ao ministro executar essa ou aquela medida de distanciamento social. Ou me pronunciar sobre ação do gestor. O gestor é que por lei tem essa obrigação. Nessa linha, seria um pronunciamento praticamente político, e não é da minha linha”, disse Pazuello.

Em reunião no fim de maio do Centro de Operações de Emergência (COE) sobre a covid-19 do ministério, técnicos afirmaram que levaria de 1 a 2 anos para “controlarmos a situação”, sem medidas de distanciamento.

Nesta data, Pazuello já era ministro interino da Saúde. “Sem intervenção, esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontroladamente, levando insegurança à população que vai se recolher mesmo com tudo funcionando, o que geraria um desgaste maior ou igual ao isolamento na economia”, informa ata da reunião, obtida pelo Estadão. Entre outras funções, o órgão elabora relatórios ao ministro da Saúde e orientações sobre a covid-19.

O presidente Jair Bolsonaro entrou em conflito com dois ministros da Saúde durante a pandemia por divergências, entre outros pontos, sobre a adoção de quarentenas. Sob a gestão de Pazuello, técnicos do ministério deixaram de ressaltar o benefício do distanciamento social. Questionado em 1.º de julho se a aceleração de casos no País tem relação com a flexibilização de quarentenas, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, esquivou-se. “Não posso afirmar que este aumento tem relação direta com a decisão do gestor local.”

Pazuello voltou a defender a medicação precoce contra a covid-19. Ele não citou o uso da cloroquina e hidroxicloroquina, drogas sem eficácia comprovada contra a doença. Na gestão do militar, a pedido de Bolsonaro, o tratamento com estes medicamentos virou pilar da estratégia do governo federal contra a pandemia. “Não é mais para ninguém ficar em casa, esperando passar mal, com falta de ar, para, então, procurar o médico”, disse. “A UTI precisa ser nosso seguro de carro: paga, mas não usa”, completou.

Questionado sobre a leitura do comitê da Saúde de que medidas de isolamentos são melhores até para retomada mais rápida da economia, Pazuello também se esquivou. “O Ministério da Saúde se posicionou, quando fala sobre economia, a gente se posiciona sobre quais medidas preventivas de saúde a gente deve reforçar. Qual setor, empresa, deve ser mantido ou não, aí envolve outro ministério.”

Medicamentos

O ministro afirmou que as Forças Armadas devem auxiliar na entrega de drogas essenciais para intubar pacientes, como sedativos e analgésicos. Os produtos estão em falta em todo o País, nas redes pública e privada.

“Se precisar, sim, (entrega-se) em poucas horas, um dia. Pegar estoque de emergência e fazer entrega para não deixar faltar”, disse. “A gente não estoque de emergência capaz de suprir 30 dias em cada lugar”, ponderou Pazuello.

Por Mateus Vargas

Estadão Conteúdo

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