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Dólar volta a subir e fecha em R$ 5,21 com dúvidas sobre retomada da economia

O dólar voltou a subir, após três dias seguidos de queda, em que o real teve o melhor desempenho internacional. Nesta quinta-feira, 23, em dia de noticiário doméstico esvaziado, mesmo com a moeda americana recuando perante divisas fortes para os menores níveis em quase 2 anos, o dia foi de valorização no Brasil e outros emergentes.

Operadores destacam que houve um movimento de recomposição de posições no dólar, após as quedas recentes, ajudado por notícias negativas das gigantes de tecnologia americanas e por indicadores mistos na Europa e nos EUA, que acabaram pressionando também as Bolsas. Os indicadores ajudaram a aumentar ainda mais a incerteza sobre como será a recuperação da economia americana e mundial, enquanto os casos de coronavírus seguem em alta em locais como Brasil, Austrália, Japão e Hong Kong, além da Flórida ter registrado novo recorde de mortes pela doença.

No mercado comercial, o dólar à vista encerrou o dia com ganho de 1,92%, cotado em R$ 5,2138. No segmento futuro, o dólar para agosto era negociado com valorização de 1,88% às 17h45, cotado em R$ 5,2175.

Nos negócios da tarde, o dólar registrou máximas ante moedas emergentes, acompanhando a piora do mercado acionário em Nova York, após o portal Axios informar que vários Estados americanos estão investigando a Apple por supostamente “enganar” consumidores. Pouco antes, a Câmara dos Representantes em Washington confirmou que fará audiência na próxima semana para investigações antitruste envolvendo, além da Apple, as gigantes Amazon, Facebook e Google.

Entre os indicadores, houve melhora dos índices de confiança na Alemanha, o que ajudou o euro, que atingiu as máximas em 21 semanas, mas os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA interromperam uma sequência de 16 semanas de quedas, somando 1,42 milhão de pedidos na última semana, ante expectativa dos analistas de Wall Street de 1,3 milhão. “Foi um dos sinais mais claros de que a recuperação dos EUA está estagnando”, destaca a economista do Wells Fargo, Sarah House. Pelo lado positivo, ela observa que a piora do mercado de trabalho vai pressionar o Congresso americano a manter medidas de benefícios aos desempregados, na medida em que os efeitos de paralisações causados pela pandemia seguem afetando a atividade.

Em meio à pandemia nos EUA, os analistas da consultoria americana LPL Financial acreditam que o dólar vai seguir se enfraquecendo, refletindo o aumento tanto do déficit fiscal quanto do comercial. A moeda americana começou 2020 ganhando força, mas com o crescimento dos casos de coronavírus e as medidas que injetaram liquidez sem precedentes no mercado financeiro americano, passou a cair.

Por Altamiro Silva Junior

Estadão Conteúdo

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