Reforma tributária e tensão entre EUA e China seguem no radar dos investidores

Após mais de um ano e meio, na terça-feira (21) o Ministério da Economia enviou ao Congresso a primeira das prováveis quatro fases da reforma tributária. Ao lado da já concluída reforma da Previdência, desatar o nó do sistema tributário nacional e reduzir o peso do Estado sobre a produção e o consumo é essencial para destravar o desenvolvimento da economia brasileira. No entanto, a primeira das quatro fases que serão enviadas ao Congresso foi tímida.

Igrejas, sindicatos, partidos políticos, fundações e as demais pessoas jurídicas que não exercem atividade econômica vão permanecer isentas. Já empresas de serviços em setores intensivos em mão de obra, como educação, segurança, informática, telecomunicações, hotelaria e transporte aéreo deverão pagar mais impostos, o que pode provocar o aumento dos preços das mensalidades escolares e dos serviços de saúde.

Essa é só a primeira fase da reforma tributária. O governo ainda não começou a discutir mudanças na tributação sobre a renda e sobre o patrimônio. Não alterou as legislações do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que são estaduais, nem o Imposto Sobre Serviços, que é municipal. E não avançou na proposta de tributar as transações digitais, lançando um imposto com alíquota de 0,2% e parecido com a antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). A ideia do Ministro da Economia, Paulo Guedes, é que esse imposto sobre transações digitais permita reduzir a tributação sobre a folha de pagamento das empresas, facilitando a criação de empregos

Internacional

Na manhã da quarta-feira (22), o governo americano ordenou que a China fechasse seu consulado em Houston. A justificativa foi “proteger a propriedade intelectual” americana, reduzindo o número de diplomatas e jornalistas chineses nos Estados Unidos. A decisão foi tomada após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ter acusado a China de patrocinar “hackers” que tentaram obter ilicitamente informações sobre o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus.

A decisão foi considerada “ultrajante e injustificável” pelo Ministério das Relações Exteriores chinês. Visto como mais um lance no xadrez eleitoral dos Estados Unidos devido às eleições de novembro, o fechamento deverá ampliar as já elevadas tensões políticas entre os dois países.

Indicadores econômicos

A confiança da indústria voltou a crescer. A prévia da Sondagem da Indústria indica um aumento de 12,5 pontos no Índice de Confiança da Indústria (ICI). O ICI deverá subir para 90,1 pontos ante os 77,6 pontos registrados em junho, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) na manhã desta quarta-feira (22).

Caso a projeção se confirme, a confiança da indústria terá recuperado 74% das perdas registradas em março e em abril. Segundo a FGV, o aumento da confiança detectado no levantamento prévio decorre da melhora da avaliação dos empresários em relação ao presente e, principalmente, das expectativas em relação aos próximos meses.

Apesar de ainda ter de ser negociada no Congresso e “digerida” pelos investidores, a reforma tributária é considerada positiva para a Bolsa. Esse impacto, porém, será mais visível no médio e no longo prazos. No curto prazo, analistas recomendam ficar atento ao comportamento do mercado internacional, que deverá oscilar devido ao aumento da tensão entre Estados Unidos e China.