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Queda dos juros impulsiona ofertas de ações das empresas na Bolsa

Quando 2020 começou, o caminho para a expansão do mercado de capitais brasileiro parecia estar pavimentado. A expectativa era de um ano recorde para as aberturas de capital. Tudo isso mudou com a chegada da pandemia da covid-19. Em março, tudo parou e o ano parecia estar definitivamente perdido.

Mas as condições do mercado mudaram muito rapidamente. Por causa da pandemia e da forte injeção de recursos nos mercados por parte dos bancos centrais de todo o mundo, há uma liquidez global sem precedentes na história. Além disso, os juros no Brasil nunca estiveram tão baixos. A taxa básica caiu para 2,25% ao ano, e pode cair ainda mais. Com investidores atrás de rentabilidade, as empresas com planos de expansão e potencial de consolidação pisaram no acelerador.

Bruno Fontana, chefe da área de banco de investimentos do Credit Suisse, diz que os investidores, ao analisarem a empresa que pretende abrir o capital, estão atentos para o plano de crescimento e analisam com lupa qual o destino dos recursos da oferta primária (aquela que injeta recursos no caixa da companhia). “Para as empresas com agenda de crescimento, estamos tendo muita receptividade com os investidores”, afirma.

Segundo o chefe da área de renda variável da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga, a retomada dos processos de aberturas de capital é muito positiva para a B3 e para os investidores. “Isso mostra que nosso mercado financeiro está se desenvolvendo”.

Ele explica que a entrada de novas empresas na Bolsa vai trazer mais alternativas para o investidor e, consequentemente, mais oportunidades e concorrência no mercado. “O que é muito bom para a Bolsa brasileira crescer”, diz. O especialista destaca ainda que os IPOs (sigla em inglês para oferta inicial de ações) são uma ótima forma de atrair o investidor estrangeiro de volta para o País, o que faz a Bolsa crescer mais ainda. “O mercado primário atrai muito o investidor estrangeiro.”

Nessa corrida pelo mercado de capitais, o advogado da área de mercado de capitais do escritório BMA, Felipe Prado, diz que, neste momento, a pressa das empresas é para fechar os dados do segundo trimestre para entrega ou atualização da documentação junto ao regulador do mercado. “O resultado do segundo trimestre já refletirá de forma mais fiel os efeitos da pandemia e muitas têm mais conforto em fazer a oferta com esse resultado em mãos”, afirma. Outra atualização da documentação das ofertas são os fatores de risco, com aqueles relacionados ao novo coronavírus ocupando a primeira colocação dentre o que precisará ser evidenciados aos investidores.

Mais por vir

O presidente do Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema, afirma que após esse ciclo de aberturas esperado até outubro, o fim do ano e o início de 2021 também prometem ser aquecidos. Nessa primeira leva, prevê, virão as companhias que já estavam mais bem preparadas, mas outras já estão com a mão na massa para buscarem recursos na Bolsa. “O processo de abertura de capital dura cerca de quatro meses. Então, é possível que algumas ofertas que não puderem vir em setembro ou outubro aconteçam um pouco depois”, diz.

Madruga, da Monte Bravo, tem a mesma avaliação. Segundo ele, por causa da pandemia, as empresas precisam mais do que nunca se capitalizar e, no cenário de juros atual, abrir o capital ficou muito mais interessante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Fernanda Guimarães. Colaborou Mateus Apud

Estadão Conteúdo

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