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Sapataria centenária não resistiu à covid

Negócio de família de 110 anos, a Sapataria Central, em Jundiaí, interior de São Paulo, passou incólume por mais de um século. A loja não teve forças, porém, para resistir à retração da demanda pela reforma de sapatos, bolsas e artigos de couro causada pelo coronavírus. No dia 30 de maio, a proprietária Wanda Cavalli, de 84 anos, anunciou o fechamento. “A pandemia acabou com uma vida inteira de trabalho aqui”, disse.

Depois de 42 anos na linha de frente da sapataria, Wanda havia transferido a administração do negócio para a filha, Rosa Cavalli, mas continuava indo ao estabelecimento acompanhar os serviços. “Sempre tivemos uma clientela fiel, de quem nos tornamos amigos, mas com o coronavírus, não deu mais para sair de casa. Quem sai de casa no meio de uma pandemia? Então os serviços foram minguando e achei melhor fechar antes que virasse tudo dívida”, lamentou. O que mais doeu, conforme ela disse, foi dispensar os cinco funcionários. “Felizmente, eles são muito bons no que fazem e sei que já estão se recolocando.”

Para entregar o prédio alugado, Wanda transferiu máquinas e material para um imóvel da família. “É um prédio nosso que estava alugado, e o negócio do inquilino também quebrou na pandemia. Agora estou tentando vender as máquinas, como lixadeiras de couro e máquina de costura reta, que são muito boas. Temos também uma quantidade grande de material”, disse.

Parte das últimas encomendas ainda está à espera dos clientes. “Tem muito sapato bom e caro que a gente reformou, e os donos ainda não vieram retirar. Depois de tantos anos, acho que ninguém imaginava que a gente iria fechar, mas essa pandemia…”.

O prédio da sapataria, na rua Siqueira de Moraes, região central, era alugado, mas o contrato já foi desfeito. De acordo com Wanda, a sapataria sempre se manteve lucrativa, mesmo nas diversas crises econômicas vividas pelo País. “Por ser uma região valorizada, o aluguel é caro. Nós também sempre demos café da manhã, almoço e café da tarde para os funcionários, então o custo era alto, mas compensava. Saímos sem dívida. Tínhamos uma clientela de muita qualidade, por isso a nossa sala de espera estava sempre cheia. As pessoas esperavam os consertos com água fresca e cafezinho. Agora, acabou.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por José Maria Tomazela

Estadão Conteúdo

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