A Polícia Federal indiciou nesta quinta, 16, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, o ex-assessor da Secretaria de Planejamento do tucano, Sebastião Eduardo Alves de Castro e o ex-tesoureiro de campanha Marcos Monteiro por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro. As investigações foram conduzidas pela Lava Jato a partir de delações do grupo Odebrecht.
Além das colaborações, a PF obteve cópia do sistema de informática da empreiteira, análise de extratos telefônicos, obtenção de conversas por Skype e ligações telefônicas de Mesa de Operações e documentos que indicariam a prática de cartel no Metrô de São Paulo e no Rodoanel, além de oitivas de testemunhas.
Caberá ao Ministério Público decidir se prossegue com denúncia, pede novas diligências ou arquiva o processo.
As investigações foram abertas após a delação de três executivos da Odebrecht, Benedicto Barbosa Junior, Carlos Armando Paschoal e Arnaldo Cumplido à Procuradoria-Geral da República (PGR), em 2017, que acusaram repasses de R$ 10,3 milhões do setor de propinas da empreiteira às campanhas do tucano para o governo do Estado, em 2010 e em 2014. O cunhado de Alckmin, Adhemar César Ribeiro, teria recebido pessoalmente parte desses valores.
Os delatores apresentaram planilhas que apontavam pagamentos de R$ 2 milhões em 2010 para o codinome “Belém”, em referência a Adhemar Ribeiro, e R$ 8,3 milhões em 2014 para o codinome “M&M” – referência de Marcos Monteiro, que teria sido o interlocutor de Alckmin para os repasses à campanha eleitoral.
Nas planilhas, além do codinome M&M há registro das datas de entrega, as senhas usadas para o recebimento dos valores e referências às obras Linhas 6 do Metrô e Emissário Praia Grande relacionados aos pagamentos. Segundo Benjamin Júnior, o propósito dos repasses ‘era a proeminência de Geraldo Alckmin no cenário nacional, a sua liderança e de seu partido no Estado de São Paulo’.
“Também era garantir interlocução qualificada na discussão dos projetos vislumbrados como participação na nova rodada de concessão rodoviária no estado, novas participações em projetos com parceria da Sabesp e potenciais novas concessões de trens regionais”, afirmou. Segundo o delator, a empreiteira teve a oportunidade de discutir antecipadamente tais projetos com o governo, incluindo modelos de contratação e fontes de financiamento.
O caso inicialmente havia sido remetido para o Superior Tribunal de Justiça, mas após a renúncia de Alckmin em 2018 para disputar as eleições presidenciais, o caso foi remetido à Justiça Eleitoral de São Paulo.
Acesso. Além das delações, a Polícia Federal solicitou em fevereiro deste ano acesso a provas obtidas pelo Ministério Público de São Paulo em ação civil pública contra Alckmin, incluindo áudios de ligações telefônicas e mensagens sobre supostas entregas de dinheiro do doleiro Álvaro Novis, usado pela Odebrecht para o pagamento de propinas, com Sebastião Eduardo Alves de Castro, homem de confiança de Marcos Monteiro e ex-assessor da Secretaria de Planejamento do tucano.
Os diálogos apontam Sebastião Eduardo Alves de Castro teria atuado como intermediário para receber as remessas da empreiteira em 2014. O Estado revelou em 2018 que áudios entregues pela Transnacional, empresa de transporte utilizada por Álvaro Nóvis, à Polícia Federal citam duas entregas que somam R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo a Sebastião Castro. O destinatário era Marcos Monteiro, tesoureiro da campanha de Alckmin.
COM A PALAVRA, A DEFESA DO EX-GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN
Até a publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido contato com a defesa de Geraldo Alckmin. O espaço permanece aberto a manifestações.
COM A PALAVRA, O PSDB
O Diretório Estadual do PSDB-SP tem absoluta confiança na idoneidade do ex-governador Geraldo Alckmin. A história do governador Geraldo Alckmin não deixa dúvidas sobre a sua postura de retidão, coerência e compromisso com o rigor da lei.
Marco Vinholi – Presidente Estadual do PSDB-SP
Por Paulo Roberto Netto e Fausto Macedo
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