Os juros futuros fecharam de lado nesta quinta, 16, com viés de baixa até os contratos intermediários. Ao longo da sessão, alternaram oscilações discretas, ora com viés de queda ora de alta, com o mercado ponderando uma série de fatores, mas nenhum forte o bastante para a definição de uma trajetória firme. De um lado, houve a queda do dólar e o cenário político para as reformas mais animador, mas, de outro, dados mistos no exterior e manutenção da escalada da Covid-19 pelo mundo limitando a expectativa com o processo de reabertura das economias. As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento à tarde não chegaram a fazer preço nesta quinta-feira, que teve ainda mais um megaleilão de títulos do Tesouro.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou com taxa de 3,02%, de 3,052% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 passou de 5,613% para 5,60% e a do DI para janeiro de 2027 ficou estável em 6,42%. O dólar à vista fechou em queda de 1,10%, aos R$ 5,3261.
As taxas começaram o dia em baixa, em linha com o câmbio, mas no meio da manhã viraram para alta com a pressão compradora típica dos dias de leilões de prefixados e a oferta de hoje foi a maior do ano. “De manhã teve mais pressão por conta do leilão, que foi grande. O Tesouro não colocou tudo e espirrou um pouco taxa. À tarde, o dólar acabou ajudando mais os mais curtos”, disse o sócio-gestor da LAIC-HFM Gestão de Recursos, Vitor Carvalho. As taxas “espirram” quando o papel é vendido com juro acima do consenso de mercado.
O Tesouro ofertou 23 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), ante 15,5 milhões na semana passada, e vendeu quase integralmente (21,5 milhões). As LTN são papéis de prazo intermediário, que parecem ser o risco que o investidor topa assumir neste momento, estando mais reticente quanto ao risco de longo prazo. A oferta de NTN-F, os prefixados mais longos da dívida, foi muito menor, de 1 milhão, e vendida parcialmente (743.300). Por parte do Tesouro, é interessante emitir num momento em que os juros estão em níveis baixíssimos e em meio à necessidade de captar recursos.
No começo da tarde, passada a pressão tomadora do leilão e com o dólar ampliando queda e batendo mínimas, as taxas ensaiaram um movimento de queda, indo também para as mínimas, mas que não se consolidou. Do exterior, os dados da China e Estados Unidos foram em parte positivos e em parte negativos. No Brasil, Roberto Campos Neto, em live organizada pelo Itaú, admitiu que é mais provável crescimento acima da “nossa projeção” e que há grau de conforto com a inflação, para a qual, segundo ele, há muito menos assimetria de riscos do que para o crescimento.
Da política, tem agradado ao investidor a movimentação em Brasília em torno da reforma tributária, especialmente após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter dito hoje que espera a participação do Senado e do governo federal na discussão do texto, desfazendo mal-estar anterior quando assumiu a frente do debate mesmo sem uma sinalização dos senadores e do governo. “Não queremos aprovar a reforma da Câmara, queremos aprovar a reforma do Congresso Nacional, junto com o governo federal”, disse Maia, que afirmou ter conversado com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Por Denise Abarca
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