Os juros futuros voltaram a encerrar perto dos ajustes anteriores, com uma discreta alta na ponta longa e os demais, de lado. O ganho de inclinação decorre de um movimento leve de realização de lucros, mas que era mais pronunciado pela manhã, estimulado pelo câmbio depreciado. À tarde, com a virada do dólar para queda, o ajuste perdeu força e as taxas longas desaceleraram o avanço. Nos curtos, o IBC-Br, mesmo abaixo do piso das estimativas, não conseguiu alterar o quadro de apostas para a Selic que segue dividido entre corte de 0,25 ponto porcentual e manutenção da taxa em 2,25%.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,01%, de 3,032% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 5,573% para 5,58% (mínima). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,42%, ante 6,393% ontem no ajuste.
“As taxas estão claramente mais influenciadas pelo dólar hoje”, disse um gestor, explicando que o alívio no câmbio arrefeceu a realização ensaiada mais cedo. Com os sinais de recuperação da atividade, discurso mais otimista do Banco Central com a economia e aumento do apetite pelo risco no exterior, a curva percorreu julho até agora num movimento de queima de prêmios nos longos – o DI para janeiro de 2027 havia fechado junho em 6,61% -, o que abre espaço para alguma realização neste trecho. Mas as tentativas de ajuste têm sido limitadas pelas incertezas com os efeitos da pandemia no Brasil e no mundo, e que podem manter os juros globais baixos por mais tempo.
Até que ponto a incipiente retomada da atividade, com a reabertura gradual de comércio e serviços no Brasil, será capaz de evitar um novo corte da Selic é uma das dúvidas e, por isso, o cenário das expectativas para o Copom de agosto segue indefinido. O IBC-Br de maio não serviu para desempatar o quadro. A alta de 1,31% ante abril veio abaixo do piso das estimativas (1,9%) dos economistas, após o índice tombar 9,45% em abril ante março.
“O resultado mostrou que o ritmo da recuperação está abaixo do esperado, mas, olhando pelo lado do copo meio cheio, ainda assim confirma que abril deve ter sido o fundo do poço”, disse o economista-sênior do Banco MUFG Brasil, Maurício Nakahodo.
Também na pesquisa do Projeções Broadcast o IBC-Br não foi suficiente para mudar a avaliação de que o pior momento passou. O levantamento mostra que os dados de maio deram continuidade ao processo de melhora nas expectativas para o PIB do segundo trimestre, para o qual a mediana das estimativas agora é de -10,3%, menos negativa do que do que a observada na pesquisa anterior, realizada em 18 de junho, de -11,0%, após a divulgação do IBC-Br de abril.
Por Denise Abarca
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