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Bolsa volta a atingir os 100 mil pontos. O que isso significa?

(Foto: Shutterstock)

Pela primeira vez desde o dia 5 de março, o Ibovespa superou 100 mil pontos. No entanto, ao contrário do que poderia parecer, esse nível não é uma linha de chegada. É um ponto de partida. Apesar de todos os efeitos adversos da pandemia sobre a economia, as empresas brasileiras vêm mostrando uma resiliência acima do esperado. E essa característica também se estende aos investidores. A Covid-19 é algo grave. Fez mais de 70 mil vítimas fatais e afetou duramente os negócios. Mesmo assim, as prévias operacionais de algumas empresas, o movimento das aberturas de capital (Initial Public Offerings, ou IPOs) e de ofertas subsequentes (follow-ons) e a alta sustentada dos preços das ações mostram que, apesar da pandemia, o setor produtivo permanece operando e lucrando.

Essa é a tendência principal. Ou, como gostam de dizer os economistas, a “primeira derivada”, a trajetória da economia – que é ascendente. Os números que serão divulgados ao longo desta semana vão mostrar a “segunda derivada”, ou seja, a velocidade desse crescimento. Na terça-feira (14), o Banco Central (BC) vai divulgar o IBC-Br de maio. O IBC-Br é uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E essa prévia poderá reforçar a hipótese de melhora já refletida na edição mais recente do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira. A enquete realizada pelo BC mostra que a projeção para a economia brasileira neste ano está um pouco menos negativa. O prognóstico é de retração de 6,10 por cento, um cenário um pouco melhor do que a retração de 6,50 por cento registrada na edição anterior.

Além das expectativas positivas para o cenário brasileiro, os pregões internacionais começaram a semana em alta. Um dos principais motivos veio da área da saúde. A Food and Drug Adminstration (FDA), autarquia americana equivalente à Anvisa, autorizou duas gigantes farmacêuticas, a americana Pfizer e a alemã BioNTech, a acelerar os testes para novas vacinas contra o coronavírus. Se os resultados se mostrarem positivos e as vacinas forem aprovadas, as empresas afirmaram poder produzir 100 milhões de doses até o fim deste ano e 1,2 bilhão de doses até o fim de 2021.

Os pregões também subiram pelos bons números do início da safra de balanços trimestrais nos Estados Unidos e pelas notícias corporativas. As ações da Pepsi subiram 2,1% com números positivos referentes ao segundo trimestre. Outro indicador da força do mercado foi aquisição da empresa de semicondutores Maxim Integrated Products pela concorrente Analog Devices, em uma transação de US$ 20,9 bilhões. Com isso, os contratos futuros do índice americano S&P 500 avançam 0,7% no pré-mercado.

Na Ásia, os pregões também começaram a semana em um cenário bastante positivo. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com alta de 2,2%. O índice da bolsa de Xangai avançou 1,7% e o de Seul valorizou-se 1,6%. Na Europa, os índices de Frankfurt e de Londres indicavam altas superiores a 1% durante a manhã.

Inflação

Além de um cenário melhor para o PIB, esta edição do Boletim Focus trouxe projeções de uma leve alta da inflação. A projeção para este ano, medida pelo IPCA, avançou de 1,63% para 1,72%, ainda bastante abaixo da meta. A projeção para a taxa de câmbio no fim do ano permaneceu estável em R$ 5,20 e a taxa referencial Selic esperada para dezembro continua em 2%.

A conjugação entre resultados corporativos nos Estados Unidos, estimativas positivas para a área da saúde e os dados da economia indicam que o Ibovespa tem condições de buscar novas marcas acima dos 100 mil pontos. O caminho será sujeito a solavancos e a volatilidade, mas o cenário geral é positivo nesta segunda-feira.

 

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