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Destoando do pessimismo, juros longos fecham em queda e curtos, de lado

O mercado de juros resistiu ao pessimismo visto nos demais ativos e fechou com taxas entre a estabilidade, nos vencimentos curtos e de médio prazo, e queda na ponta longa. Numa quinta-feira, 9, de agenda fraca e noticiário sem destaque no Brasil, a melhora das expectativas para a economia doméstica acabou servindo de anteparo ao aumento da aversão ao risco lá fora, que penalizou ações e boa parte das moedas de economias emergentes e derrubou o juro dos Treasuries. Desse modo, a curva continuou perdendo inclinação, com base na aposta majoritária de manutenção da Selic em meio aos dados recentes de atividade que surpreenderam positivamente e sinais de maior otimismo do Banco Central com a economia.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 2,120%, de 2,125% ontem no ajuste, e a do DI para 2022 passou de 3,083% para 3,10%. A taxa do DI para janeiro de 2023 passou de 4,173% para 4,18% e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,483% para 6,43%.

As taxas curtas e intermediárias passaram o dia de lado, mostrando algum viés de alta, e as longas se firmaram em baixa, renovando mínimas, no meio da tarde, mas sem um catalisador claro. Embora as mínimas à tarde tenham coincidido com as mínimas da curva americana, nas mesas de operação os profissionais viram o alívio nos longos ligado aos fundamentos internos, especialmente à perspectiva de recuperação da atividade, que tem estimulado a tomada de risco naqueles vencimentos, dada a avaliação de que os demais vértices não têm muito para “andar”. “A política monetária já deu o que tinha de dar. Um corte adicional de 0,25 ponto na Selic só estressaria ainda mais o mercado”, avaliou o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno.

Um gestor de renda fixa afirma que o movimento de flattening que tem pautado a curva nos últimos dias é típico dos períodos que antecedem o fim de ciclos de afrouxamento monetário, mas que hoje foi “surpreendente” que os DIs tenham ficado comportados mesmo com a forte volatilidade do câmbio. “O País tem dado sinais de que o tombo da economia não será tão grande, pelos indicadores e declarações do próprio Roberto Campos Neto”, afirmou.

À agência Reuters, o presidente do Banco Central disse hoje que, para que a autoridade monetária decida sobre mais um corte residual de juros, é preciso entender o impacto da retomada econômica na inflação. Ele destacou que alguns dados de inflação na margem vão, ainda que de forma muito residual, “mostrando pela primeira vez que (a inflação) está um pouco acima das expectativas” e disse que “sua confiança é maior no crescimento.” Amanhã sai o IPCA de junho e a mediana das estimativas é de 0,30%.

No quadro de apostas para o Copom de agosto, as de queda de 0,25 ponto porcentual da Selic avançaram um pouco em relação a ontem, mas a expectativa de estabilidade da taxa básica segue majoritária. A precificação da curva apontando 68% de chance de Selic estável e 32% de probabilidade corte de 0,25 ponto, ante 75% e 25% ontem, respectivamente.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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