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Dólar interrompe sequência de três semanas de ganhos e acumula baixa de 2,6%

O dólar teve dia de queda nesta sexta-feira, 3, embora com volume de negócios bastante reduzido, por conta do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos. O pregão foi marcado pela queda da moeda americana ante divisas fortes e alguns emergentes, como o México, após a divulgação de indicadores mostrando continuidade da recuperação da atividade, hoje na Europa e China. Com isso, acumulou queda ante o real de 2,60% nesta semana, marcando a primeira de baixas após três semanas seguidas de valorização.

O dólar à vista fechou em baixa de 0,53%, cotado em R$ 5,3191. No mercado futuro, o dólar para agosto era negociado em queda de 0,77% às 17h, em R$ 5,3285. O volume de negócios neste contrato somava US$ 6,2 bilhões, menos de um terço de um dia normal (US$ 19 bilhões).

Como observam os estrategistas de moedas do Rabobank, há um dilema permeando os negócios nos últimos dias: sinais de recuperação da atividade animam os investidores, na medida em que os negócios são reabertos e os governos continuam provendo estímulos monetários e fiscais. Ao mesmo tempo, este mesmo fator, ou seja, o abrandamento do distanciamento social, está ligado ao aumento de casos de covid-19, que por sua vez pode prejudicar a recuperação da economia.

Neste ambiente, a sexta-feira foi marcada por cautela no exterior. Os EUA registraram mais 53 mil casos de coronavírus nas últimas 24 horas. “O ressurgimento de casos de covid ameaça tirar a recuperação da atividade dos trilhos”, escrevem os economistas do banco Wells Fargo.

Na avaliação do sócio e estrategista da Tag Investimentos, Dan Kawa, os ativos seguem respeitando as bandas recentes, “sem sinais de rompimento ou novas tendências”. Pelo feriado nos EUA, era esperado o dia de baixo giro. Ele ressalta que, nos últimos dias, segue-se observando uma piora no número de casos de Covid em importantes cidades e estados dos EUA, como na Flórida e na Califórnia.

O Itaú Unibanco manteve a previsão para o dólar em R$ 5,75 no final de 2020 e R$ 4,50 ao final de 2021. “Ao longo deste ano, o fluxo de capitais para o Brasil deve ser negativo, por causa do risco fiscal ainda elevado, da contração acentuada da atividade econômica e do cenário de juros baixos”, ressaltou o banco no relatório de revisão do cenário, em que piorou as projeções fiscais para a economia brasileira.

Nos próximos meses, a avaliação do Itaú é que “à medida em que o choque externo se dissipa e a economia brasileira retoma o crescimento”, há espaço para apreciação do real em direção a um patamar mais consistente com os fundamentos da economia brasileira, que o banco destaca ser na casa dos R$ 4,25. Ao mesmo tempo, o Itaú alerta que há o risco de disparada do dólar, caso ocorra uma deterioração fiscal significativa que resulte numa saída mais forte de capitais do País, incluindo dos próprios brasileiros.

Por Altamiro Silva Junior

Estadão Conteúdo

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