A XP Inc (XP) divulgou na segunda-feira (29) os seus resultados preliminares de junho e os projetados para o segundo trimestre de 2020. Embora os números ainda não sejam auditados e algumas linhas sejam estimativas, tudo indica que a XP vai apresentar mais um forte resultado e novamente acima das expectativas, seguindo a sua trajetória de crescimento elevado e de grande potencial de geração de valor.
O principal destaque positivo deverá ser a captação líquida de junho, que ficará entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões. Mesmo na projeção mais pessimista, a entrada líquida já é superior à dos meses de abril, quando foram captados R$ 6,9 bilhões, e de maio, com a captação de R$ 8,3 bilhões. Além disso, o lucro líquido também deve vir forte e a companhia espera algo entre R$ 420 milhões e R$ 520 milhões no segundo trimestre de 2020.
A XP também anunciou que irá realizar uma oferta secundária de 19.535.420 ações. Os vendedores serão o fundo de Private Equity General Atlantic, que possui 76,37 milhões de ações (13,8% do capital total da XP) e a XP Controle, cuja participação no capital social é de 127,6 milhões de ações (23,1% total).
De acordo com informações do mercado, a justificativa da venda das ações por parte da XP Controle está associada à sua necessidade de ajuste dos passivos, devido ao tamanho das suas obrigações com ex-sócios da empresa no compromisso de recompra das ações.
Considerando a possibilidade de ocorrência do lote adicional de 15% e a cotação de fechamento desta segunda-feira, a oferta poderá movimentar aproximadamente US$ 980 milhões (R$ 5,28 bilhões).
Os resultados preliminares da XP foram mais uma vez bons e acima do esperado, indicando que a companhia segue a sua trajetória de alto crescimento. Por outro lado, uma oferta secundária com a venda de ações por parte dos sócios, ainda que esperada por parte da General Atlantic, deve trazer pressão negativa no preço das ações no curto prazo.
A General Atlantic (GA) é um fundo de “private equity” que normalmente sai dos ativos em prazos “fixos” e que não vai vender 100% da sua posição na XP. O restante de sua participação no capital da XP está ligado ao percentual adicional em ações da XP que o Itaú tem direito de exercer compra em 2022. A despeito da “disputa” entre Itaú e XP no mercado, o banco Itaú (ITUB4) não vai vender nenhuma das ações que possui nesta oferta secundária.
A notícia da oferta secundária, de certa forma, é um possível sinal de que o preço das suas ações está muito elevado e que um ou mais sócios estão aproveitando o momento para reduzir sua posição na companhia. Além disso, os movimentos associados a este tipo de oferta costumam ser de aumento da pressão vendedora nas ações até a data da oferta. As ações da XP, depois de cair quase 5%, fecharam em queda de 1% no “after market” desta segunda-feira (29) em Nova York.
No ano, as ações da XP sobem 52,5% (com variação cambial) e 13% (sem variação cambial), desempenho superior ao do Índice da Bovespa, que recua 17,2% e ao da bolsa de Nasdaq, que avança 10%.
Na última semana a XP divulgou que fechou maio com R$ 412 bilhões em ativos sob custódia. Com a captação líquida de junho e considerando a rentabilidade das carteiras no mês (alta de 9,5% no Ibovespa no mês até 29 de junho), a XP deve fechar o segundo trimestre com algo entre R$ 425 bilhões e R$ 430 bilhões em ativos sob custódia, o que representa um crescimento de aproximadamente 155% na comparação anual.
A XP projeta uma receita bruta no período entre R$ 1,85 bilhões e R$ 1,95 bilhões, um crescimento que chegará a aproximados 50% na comparação com o segundo trimestre de 2019.
O lucro líquido esperado pela companhia deverá ficar entre R$ 420 milhões e R$ 520 milhões. Considerando o valor mais conservador da faixa estimada, a variação do resultado frente ao mesmo período do último ano será de 84%, além de uma margem líquida superior (20% anteriormente contra 24% a 28% neste trimestre).
A XP já é uma das maiores companhias do setor financeiro no Brasil. Com seu valor de mercado atual de R$ 129,7 bilhões, ela já vale mais que o Banco Santander (R$ 108,6 bilhões), Banco do Brasil (R$ 95,8 bilhões) e a B3 (R$ 113,1 bilhões).
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