A empresa de resseguros IRB Brasil RE (IRBR3) divulgou na noite de ontem (29) seus números referentes ao primeiro trimestre de 2020. Devido aos vários escândalos recentes envolvendo a companhia, o resultado era o mais aguardado de toda a temporada de balanços diante da expectativa sobre como a nova gestão encararia a questão.
Confirmando as expectativas, a empresa agora evidenciou, por escrito, que “ex-diretores e outros colaboradores praticaram irregularidades que culminaram na modificação intencional e sistêmica de dados operacionais, principalmente, às reservas técnicas.”
Diante disso, além dos dados referentes ao primeiro trimestre, a companhia também apresentou uma nova versão de suas demonstrações financeiras de 2019.
Em relação aos três primeiros meses do ano, os números foram severamente afetados, ainda que a companhia tenha informado que a pandemia do Covid-19 não teve impacto material nas operações por enquanto.
O lucro líquido de R$ 13,9 milhões indica uma queda de 92% quando comparada ao mesmo período do ano passado, quando o montante foi de R$ 177,9 milhões, já considerando os novos números apresentados pela companhia referentes a 2019.
A companhia confirmou a fraude nas reservas técnicas, está fazendo o necessário para arrumar a casa e estuda um aumento de capital para cobrir o rombo de R$ 2,1 bilhões, referente à investigação da Susep.
Acreditamos que o resultado líquido do IRB veio melhor do que as expectativas, que eram de um prejuízo elevado, ainda que a última linha do balanço tenha sido beneficiada pelo resultado patrimonial de R$ 194 milhões no trimestre.
A nova gestão deu bons sinais de melhora de governança corporativa e transparência. Analistas acreditam, portanto, que a queda no lucro já estava precificada enquanto a mudança de tom dos executivos deve ser bem aceita pelo mercado. Por isso, esperamos um impacto positivo no preço das ações de IRB Brasil RE (IRBR3) no curto prazo.
Porém, ainda que nossa expectativa se concretize e o mercado reaja positivamente em um primeiro momento, ressaltamos a importância de aguardarmos a reprodução da teleconferência com analistas e investidores prevista para esta tarde de terça-feira (30), às 13 horas. Diferentemente da teleconferência anterior, analistas apostam em uma diretoria mais transparente e disposta a responder as dezenas de perguntas que certamente ocorrerão. As eventuais novidades e falas dos executivos durante a teleconferência devem causar bastante volatilidade nas ações.
Já o problema de insuficiência de liquidez apontado pela Susep, órgão regulador de seguros, não apenas é real como significativo: as cifras somam um montante de R$ 2,1 bilhões.
Como saída a empresa estuda um processo de capitalização no mercado. O Conselho de Administração aprovou a contratação como assessores financeiros dos bancos Bradesco BBI e Itaú BBA para uma oferta de ações com objetivo de obter o reenquadramento imediato de acordo com os termos propostos pela Susep.
De janeiro a março, os prêmios emitidos somaram R$ 1,76 bilhões, avanço de 13% ano a ano, abaixo do crescimento esperado (guidance), que era de 20% a 27%.
Com as novas demonstrações financeiras de 2019, os lucros líquidos anteriores foram afetados. O lucro líquido de 2019 foi reduzido para R$ 1,21 bilhão (contra 1,76 bilhão anteriormente) enquanto o de 2018 foi reduzido para R$ 1,10 bilhão em 2018 (contra R$ 1,21 bilhão).
O lucro líquido do trimestre foi positivamente afetado pelo resultado patrimonial de R$ 194 milhões, reflexo do aumento do valor das propriedades para investimento. Se não fosse o efeito positivo da propriedade para investimento, o resultado teria sido um forte prejuízo no trimestre.
O IRB já havia informado à Susep que acumulava um prejuízo de R$ 110,6 milhões em janeiro e fevereiro.
A companhia continua líder de mercado, com mais de 40% de market share, ainda operacionalmente muito forte. Porém, o grande problema de IRB Brasil não é operacional, mas reputacional. Por isso, sem o devido esclarecimento dos recentes fatos, a quebra da confiança é uma ferida que pode demorar a cicatrizar.
Sem a devida visibilidade sobre os próximos passos da companhia, analistas continuam enxergando as ações de IRB Brasil (IRBR3) como muito arriscadas, ainda que o recuo de 59% no ano (ante queda de 9% do Ibovespa) possa indicar que as ações podem estar atrativas e que todas as más notícias estão precificadas no momento.
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