O plágio acadêmico é considerado falha científica grave, segundo órgãos de fomento à pesquisa e acadêmicos ouvidos pelo Estadão. O tema ganhou destaque neste sábado, 27, após o novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, ter tido sua dissertação de mestrado questionada sob a suspeita de ter copiado na íntegra trechos de outros trabalhos sem a devida citação. A Fundação Getulio Vargas (FGV), onde ele cursou o mestrado, afirmou que investigará o caso.
De acordo com o Código de Boas Práticas Científicas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), configura-se plágio ” a utilização de ideias ou formulações verbais, orais ou escritas de outrem sem dar-lhe por elas, expressa e claramente, o devido crédito, de modo a gerar razoavelmente a percepção de que sejam ideias ou formulações de autoria própria.”
A entidade classifica o plágio, ao lado da fabricação e falsificação de dados, como as três más condutas científicas graves mais comuns no meio acadêmico.
“O plágio é considerado grave porque é a originalidade que faz um pesquisador avançar na carreira acadêmica e na construção do conhecimento. A pessoa que plagia está ferindo essa lógica”, explica Nina Beatriz Stocco Ranieri, presidente da comissão de pesquisa da Faculdade de Direito da USP.
“Existem vários códigos de conduta, ética e de boas práticas científicas que os alunos e pesquisadores têm que seguir. Todos deixam claro que sempre que se utiliza textos de outros trabalhos é preciso colocar entre aspas e com a devida citação”, complementa Marcelo Knobel, reitor da Unicamp.
Os especialistas dizem que a decisão sobre eventual punição ao aluno depende de investigação feita pela instituição de ensino. “Só uma apuração poderá dizer se foi algo pontual, por conta de um descuido, ou uma prática intencional”, afirma Nina.
“Há casos em que só se solicita uma correção no trabalho. Em outras, determina-se a reprovação ou retirada da tese”, explica Knobel. De acordo com Nina, a acusação de plágio é um grande constrangimento para o pesquisador. “Há alguns pesquisadores que, diante da acusação, retiram espontaneamente seus trabalhos para não passar por mais constrangimentos.”
Questionado sobre a suspeita, o MEC informou que “o ministro refuta as alegações de dolo, informa que o trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que procurou creditar todos os pesquisadores e autores que serviram de referência”.
O ministro afirmou ainda, por meio da nota do MEC, que “caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas” e se dispôs a revisar seu trabalho para providenciar as devidas correções “caso sejam identificadas omissões”.
Por Fabiana Cambricoli
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