Um ano após a compra da Netshoes, o Magazine Luiza (MGLU3) fará duas mudanças na linha de frente da varejista on-line de artigos esportivos.
A primeira delas é que o fundador e CEO da Netshoes, Marcio Kumruian, deve deixar a função executiva e se tornar membro do Conselho de Administração no segundo semestre. Já a segunda é que a diretora de operações da Netshoes, Graciela Kumruian, irmã de Marcio, passa a ocupar a diretoria de clientes do Magazine, função até então inexistente.
A decisão foi tomada após um avanço no plano de integração e aumento das vendas, que levou a Netshoes a atingir equilíbrio entre receita e despesa (break even) ainda em abril deste ano.
O cargo de CEO da Netshoes deve ser extinto e as atribuições de Marcio devem ficar a cargo de Eduardo Galanternick, diretor-executivo de comércio eletrônico e um dos braços direitos do CEO Frederico Trajano na operação digital. Serão três meses de transição até Galanternick assumir em definitivo as tarefas.
As mudanças precisam ser aprovadas em assembleia de acionistas da Magalu ainda a ser definida.
A mudança na linha de frente da Netshoes só foi necessária porque a meta operacional para atingir o “break even” foi atingida antes do previsto. As alterações da Magazine Luiza têm surtido efeito sobre a Netshoes e, por isso, analistas esperam a manutenção do impacto positivo nas ações MGLU3 no curto prazo.
Quando a Magazine Luiza adquiriu a Netshoes, o acordo previa a manutenção de ambos irmãos Kumruian fundadores na gestão da companhia por um ano. Segundo a Magalu, como a meta foi atingida antecipadamente, foi necessário antecipar a decisão e o cargo de CEO da Netshoes deverá ser extinto.
A Netshoes foi adquirida em junho de 2019 por cerca de R$ 440 milhões e se tornou o maior negócio já comprado pelo Magalu. A empresa tinha muita alavancagem financeira e não tinha a mesma eficiência que a Magalu. Suas despesas de vendas em relação à receita eram equivalentes a 30% (versus 21% para a Magalu).
O esperado era que a Netshoes atingisse o break even entre o fim de 2020 e início de 2021. Portanto, o equilíbrio entre receita e despesa já em abril deixa nítida a evolução da empresa de artigos esportivos, ainda que ajudada pelo aumento acelerado das vendas no digital após o isolamento social. O total de clientes ativos passou de 6,5 milhões antes da crise para mais de 7 milhões.
Segundo Graciela, uma das medidas planejadas é um aumento no número de lojas do Magazine utilizadas no sistema “retira em loja” da Netshoes. Hoje, mercadorias vendidas pelo site e aplicativos da Netshoes podem ser retiradas pelos clientes em 30 pontos do Magazine. O número ainda é pequeno diante das 1,1 mil lojas da varejista no País, mas, segundo a executiva, a expansão para todas as lojas será feita gradualmente.
O uso dessa estrutura de distribuição é importante porque ajuda a reduzir prazo de entrega e melhorar nível de serviço – foco da companhia desde o ano passado.
O Magazine também se prepara para montar um “escritório de integração” de novos negócios a serem comprados com recursos do aumento de capital de R$ 4,7 bilhões no fim de 2019.
O resultado do primeiro trimestre de 2020 divulgado no fim de maio evidenciou a manutenção do crescimento das vendas e mais um forte resultado positivo do e-commerce. Com dinheiro em caixa e uma nítida evolução da Netshoes, a Magalu segue bem posicionada no varejo eletrônico brasileiro.
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