Categories: Política

Em 792 dias, assessora de Flávio esteve na Alerj só três vezes

O Ministério Público do Rio identificou que Luiza Souza Paes, ex-assessora de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, só compareceu ao Palácio Tiradentes em três ocasiões – e apenas para assinar o ponto. Dentro do período ao qual os investigadores tiveram acesso ao dados de seu telefone celular, entre 2014 e 2017, ela esteve nomeada por 792 dias.

O caso de Luiza ajuda a ilustrar o que a Promotoria afirma ser um amplo esquema de funcionários fantasmas empregados no antigo gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro, hoje senador. Esses servidores repassariam o dinheiro de seus salários por meio da “rachadinha”.

Como o Estadão mostrou ontem, com base na decisão do juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal da Capital, Luiza e o pai, Fausto Antunes Paes, buscaram Queiroz para ver como lidariam com a revelação do caso. O rastreamento foi possível graças à quebra de sigilo telefônico, que permitiu o monitoramento de investigados pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC). O raio considerado para avaliar se ela esteve ou não na Alerj foi de 750 metros.

Por meio das mensagens entre Luiza e o pai, a investigação também aponta que ela combinou com o servidor da Alerj Matheus Azeredo Coutinho, que trabalha no Departamento de Pessoal, de assinar o ponto retroativo no dia 24 de janeiro de 2019. Com orientações de Queiroz, o contato se deu por intermédio do advogado Luis Gustavo Botto Maia e pela assessora Alessandra Esteves Marins, funcionária de Flávio Bolsonaro.

Nas primeiras mensagens entre Luiza e Fausto, o pai explica que iria ver com Queiroz como eles deveriam agir diante da revelação do esquema de “rachadinha” pela imprensa – a história foi publicada pelo Estadão em dezembro de 2018. As conversas também mostram que havia uma preocupação do gabinete de Flávio em maquiar o suposto esquema de funcionários fantasmas e, com isso, dar respostas a jornalistas sobre a presença dos servidores na Casa legislativa.

Ao assinar pontos retroativos referentes a 2017, diz o MP, Luiza e os demais investigados “efetivamente adulteram as provas dos crimes de peculato ao inserirem informações falsas em documentos públicos”, com “clara finalidade de embaraçar as investigações acerca da organização criminosa que desviava recursos públicos pelo esquema das “rachadinhas” com atuação de funcionários fantasmas.”

Luiza, Botto Maia, Alessandra e Coutinho foram alvo de buscas e apreensões na manhã de ontem, quando Queiroz foi preso em Atibaia. O Estadão não conseguiu contato com as defesas dos citados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Caio Sartori, Pepita Ortega, Ricardo Brant e Fausto Macedo

Estadão Conteúdo

Recent Posts

‘Deus me livre de mulher CEO’: Luiza Trajano faz publicação contra fala de empresário

Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magalu, fez uma publicação na rede…

29 minutos ago

Superintendência do Cade aprova venda de parte do capital da Financeira BRB

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a venda de…

49 minutos ago

Vale: Esperamos chegar a um acordo final no processo de mediação em outubro

Em resposta a comentários do ministro Alexandre Silveira, das Minas e Energia, a Vale afirmou,…

12 horas ago

BNDES aprova crédito de R$ 58 Mi a TW Transportes para reconstrução de armazém no RS

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou crédito emergencial, na modalidade investimento…

13 horas ago

BC informa ocorrência de incidente de segurança com chaves Pix sob guarda da SHPP Brasil/Shopee

O Banco Central informou nesta quinta-feira, 19, a ocorrência de incidente de segurança com dados…

14 horas ago

Lula sanciona lei que cria política nacional de incentivo ao cultivo de coco

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou nesta quinta-feira, 19, a Lei…

16 horas ago