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Ipea reduz projeção de alta do IPCA de 2020 de 2,9% para 1,8%

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reviu sua projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, passando de alta de 2,9% para avanço de 1,8%, com a elevação do preço dos alimentos sendo compensada pelos demais bens de consumo, principalmente serviços e bens duráveis. O comportamento reflete as mudanças trazidas ao consumo pela pandemia do covid-19, que levou parte da população ao isolamento social para conter a contaminação pelo vírus.

Os alimentos foram os itens que mais subiram de preço até o momento e devem fechar o ano com inflação de 3%, segundo o Ipea. Os bens administrados, apesar de contidos no primeiro semestre, poderão ter algum ajuste nos próximos meses e encerrar 2020 em alta de 1,2%, bem abaixo da alta de 5,5% registrada em 2019 e de 6,2% em 2018.

“Essas expectativas para 2020 estão balizadas em um cenário marcado pelo forte recuo do nível de atividade e seus efeitos de deterioração do mercado de trabalho, gerando uma descompressão nos preços de quase todos os segmentos da economia”, disse o Ipea na Carta de Conjuntura publicada nesta sexta-feira, 19.

Segundo o Ipea, a economia será retomada de forma gradual nos próximos meses e, diante da capacidade ociosa dos setores produtivos, redução de custos de mão de obra e aluguéis, os preços deverão continuar em uma trajetória bem comportada ao longo deste ano, recuperando um pouco o fôlego no ano que vem, o que deverá levar a inflação medida pelo IPCA para 3,1% em 2021, ainda abaixo da meta oficial de inflação do governo.

“Para 2021 a expectativa é de que, com a retomada do crescimento da atividade econômica, os efeitos positivos sobre o mercado de trabalho, e, consequentemente, sobre o nível da demanda contribuam para uma pequena aceleração da inflação, porém ainda abaixo da meta”, explicou o Ipea.

O centro da meta oficial de inflação para 2020 é de 4% e para 2021, de 3,75%, com margem de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo.

O Ipea observou que a alta do preços dos alimentos vem sendo causada por vários fatores, como o impacto da taxa de câmbio no custo dos insumos para produção, aumento da demanda interna, problemas na safra de alguns tubérculos entre outros. Para os próximos meses, o Ipea prevê redução nos preços, diante de uma safra recorde, expansão na produção de suínos, aves e leite devem conter os preços, “supondo que não haja novos movimentos fortes de desvalorização cambial”, destaca o instituto.

Por outro lado, também para os próximos meses o Ipea prevê a recuperação dos preços dos combustíveis, seguindo a alta do petróleo no mercado internacional, o que poderá impactar tarifas de ônibus em algumas cidades. Além disso, o órgão aguarda possíveis altas nas tarifas de energia elétrica e nos medicamentos, , mesmo que tímidas, o que deverá levar à elevação dos preços administrados, principal fator de alívio inflacionário no último trimestre (março a maio).

Já os preços dos bens e serviços livres devem permanecer sem pressão nos próximos meses, mesmo com a retomada gradual da economia. De acordo com o Ipea, a ociosidade ainda presente na economia e o enfraquecimento do mercado de trabalho devem limitar essa pressão. Com exceção da alimentação, cujo serviço delivery mostra uma grande expansão durante a pandemia, os demais grupos como comunicação e educação mostram taxas de inflação declinantes.

Por Denise Luna

Estadão Conteúdo

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