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Dólar vai a R$ 5,37 com exterior, juro baixo, e Queiroz e Weintraub

O dólar engatou nesta quinta-feira, 18, a sétima alta seguida, período em que acumulou valorização de 10%. A quinta-feira teve amplo noticiário negativo para a moeda brasileira, interno e externo. Lá fora, a cautela com indicadores fracos da economia americana e o aumento do temor com uma segunda onda de coronavírus fizeram o dólar subir ante divisas fortes e de emergentes. O travamento da renegociação da Argentina com credores internacionais, que ontem à noite chegou a novo impasse, também contribuiu para o desempenho ruim das moedas da América Latina.

No noticiário doméstico, o clima de incerteza após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), se somou no meio da tarde à saída do governo do ministro da Educação, Abraham Weintraub. As máximas do dia foram renovadas logo após o anúncio da saída do ministro, visto como mais uma derrota para o governo. Para pressionar ainda mais o câmbio, houve a sinalização do Banco Central de mais queda de juros. Tudo isso contribuiu para o real ter um dos piores desempenhos hoje no mercado internacional, junto com os pesos mexicano e chileno.

O dólar à vista fechou com valorização de 2,09%, cotado em R$ 5,3708, o maior valor desde o dia 1º. No mercado futuro, o dólar para julho subia 2,78%, para R$ 5,3760 às 17h.

“Neste momento não está claro se e como a prisão de Queiroz vai afetar o presidente Jair Bolsonaro e sua família, mas deve ser um argumento adicional para uma nova escalada na tensão corrente entre o governo e o judiciário”, avaliam os estrategistas do Citibank em Nova York.

Para o Citi, mesmo que o corte do BC já estivesse embutido nos preços do câmbio, o real é prejudicado pelo fato de ter se transformado em uma moeda de financiamento e de hedge para períodos de fortalecimento do dólar, como no momento atual. Por isso, a moeda segue com risco de ter desempenho pior que seus pares. O real passou a ser usado como moeda de financiamento justamente por conta dos juros muito baixos no Brasil, o que reduz o custo das operações e permite que a moeda brasileira seja usada, por exemplo, como proteção em apostas com divisas de outros emergentes.

“O conjunto do noticiário hoje não foi nada favorável para o real”, disse o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. Ele observa que mesmo o Banco Central sinalizando “corte residual” de juros, há peso negativo para o câmbio, porque a avaliação é que a taxa básica a 2,25% já está baixa demais, com o juro real chegando em níveis negativos. Sobre Weintraub, Nagem destaca que é mais uma perda para o governo, em dia que a Polícia Federal mostrou força ao prender o ex-assessor do filho do presidente.

Por Altamiro Silva Junior

Estadão Conteúdo

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