O dólar teve um dia de volatilidade alta, enquanto os investidores aguardam a decisão do Banco Central sobre juros. Em sessão marcada por poucos negócios, o que acentuou as oscilações, profissionais das mesas de câmbio ressaltam que, mais do que o esperado corte de juros hoje, a expectativa é ver o que o BC sinaliza pela frente. Um novo corte pode ajudar a enfraquecer ainda mais o real. No exterior, o dia foi marcado por fortalecimento da moeda americana, ainda em meio ao temor de uma segunda onda de contágios do coronavírus.
No fechamento desta quarta, 17, terminou em R$ 5,2608, em alta de 0,51% no segmento à vista. Foi o sexto dia seguido de valorização da moeda americana, que acumula ganho de 8% no período. No mercado futuro, o dólar para julho era cotado em R$ 5,2345, em queda de 0,27% às 17h30.
“Hoje foi dia de oscilação grande, e lá fora também teve volatilidade”, afirma o responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. Ele ressalta que a expectativa pelo Copom e o temor de nova onda de coronavírus deixou o mercado sem muita âncora, fazendo os preços oscilarem mais que a média.
O sócio gestor da Ibiuna, Mario Torós, ex-diretor do BC, ressalta que o Brasil ainda nem terminou a primeira onda de coronavírus e quanto mais tempo demorar para ela passar, maior os efeitos na atividade econômica. Ele prevê corte de 0,75 ponto porcentual hoje na taxa básica de juros e acha que é mais provável o cenário em que o BC deixe as portas abertas para novo corte pela frente, de 0,50 ponto, levando a Selic para 1,75%, disse em Live do BTG Pactual.
Para Torós, se não houver uma segunda onda de infecções, o dólar pode se enfraquecer no mercado internacional, mas a tendência é que o real siga com desempenho pior que outras moedas emergentes, por conta da forte piora fiscal do Brasil.
Na avaliação do analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York, Edward Moya, as perspectivas econômica para o Brasil só pioraram desde a última reunião de política monetária. Nesse ambiente, o BC deve sinalizar que provavelmente haverá mais cortes de taxas. Já no exterior, ele ressalta que as bolsas tiveram dia de ganhos em Nova York, mas a cautela persiste com a piora de casos de coronavírus nos EUA, sobretudo em estados como Flórida, Nevada, Texas e Arizona. Nesse ambiente, crescem as preocupações de excesso de oferta por petróleo e perspectiva de baixa demanda no curto e médio prazo.
Em meio aos juros baixos, o Brasil segue perdendo recursos externos. Embora com entradas para a Bolsa, o fluxo financeiro está negativo em junho em US$ 463 milhões até o dia 12. No acumulado do ano, a saída líquida por este canal soma US$ 33,8 bilhões.
Por Altamiro Silva Junior
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