Os advogados da extremista Sara Giromini, uma das líderes do grupo bolsonarista ‘300 do Brasil’, entraram com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal no fim da tarde desta segunda, 15, pedindo a liberdade imediata da militante. A Polícia Federal prendeu Sara na manhã do mesmo dia no âmbito do inquérito sobre a organização de atos antidemocráticos. Outras cinco lideranças do ‘300 do Brasil’ – classificado como ‘milícia armada’ pelo Ministério Público do Distrito Federal – também foram alvos de ordens de prisão.
Os advogados de Sara Giromini alegam ‘ilegalidade’ em seu decreto de prisão temporária, em razão de a bolsonarista não possuir foro de prerrogativa de função, ‘cabendo à primeira instância da Justiça Federal a análise da medida a ser tomada’.
A defesa argumenta ainda ‘ausência dos pressupostos da prisão temporária’ e diz que não teve acesso aos autos. Após a prisão de Sara na manhã desta segunda, 16, uma das advogadas que assina o HC, Renata Tavares, afirmou que a bolsonarista ‘foi vítima de uma prisão política’.
“A paciente é uma cidadã brasileira, que expressa sua opinião (e crime de opinião, ainda não é crime), não possui qualquer cargo ou função pública que a designasse para a aplicação de quaisquer atos ou murmúrios da Suprema Corte brasileira”, dizem os defensores de Sara, que alegam ainda que ela é mãe.
O HC da defesa de Sara é um dos três que foram apresentados ao STF em benefício da bolsonarista. Um deles já foi distribuído para relatoria da ministra Carmen Lúcia.
A prisão temporária de Sara Giromini e outras cinco lideranças do grupo ‘300 do Brasil’ foram decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido do vice-procurador-geral da República Procuradoria-Geral da República Humberto Jacques de Medeiros.
Em nota, a PGR indicou que há indícios ‘de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional’. O objetivo das prisões temporárias, com duração de cinco dias, ‘é ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o esquema criminoso’, diz o Ministério Público Federal.
Ex-assessora de confiança da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, a bolsonarista também foi um dos alvos de busca na ofensiva da Polícia Federal no âmbito do inquérito das fake news. A operação mirou aliados do presidente Jair Bolsonaro suspeitos de integrarem um esquema de divulgação de notícias falsas.
Na ocasião, após a ação da PF, a extremista xingou e fez uma série de ameaças contra o ministro Alexandre de Moraes, além de chamado para trocar socos. Alexandre é relator da investigação sobre ameaças e ofensas a integrantes do Supremo e do inquérito sobre a organização e financiamento de atos antidemocráticos.
Sara está à frente de grupo bolsonarista que foi classificado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios como ‘milícia armada’ e esteve envolvido, nas últimas semanas, em diferentes atos contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. No Whatsapp, seus integrantes eram chamados de ‘militares’ que deveriam estar prontos para ‘dar a vida pela sua nação’.
A bolsonarista liderou protesto do ‘300 do Brasil’ pela Esplanada dos Ministérios em direção ao STF – ato que foi comparado por autoridades aos atos da Ku Klux Klan, grupo supremacista branco dos Estados Unidos – e também participou de invasão à cúpula do Congresso, após o acampamento do movimento bolsonarista ser desmontado, no último sábado, 13.
Depoimento
Após a sua prisão, Sara prestou depoimento à Polícia Federal nesta segunda, 15. Na ocasião, ela se recusou a responder o objetivo dos ‘300 pelo Brasil’, mas disse que o grupo é voltado a ‘desobediência civil e ações não violentas’.
A militante bolsonarista de extrema-direita também se recusou a responder o motivo que a levou a gravar o vídeo com ameaças ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Aos investigadores, Sara confirmou ser apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, mas disse que não recebe apoio financeiro ou de qualquer espécie do governo federal. Ela afirmou ainda que não há participação de assessores parlamentares ou cabos eleitorais no grupo.
A extremista ainda negou ter participado do ataque com fogos contra o prédio do Supremo, no último sábado, e deu outra versão para o protesto que foi comparado aos atos da Ku Klux Klan, dizendo que o ato foi baseado em uma passagem bíblica.
Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
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