Ministro da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos declarou que pretende passar para a reserva do Exército e se dedicar à articulação do governo. “Já conversei com o ministro da Defesa e com o comandante do Exército. Devo pedir para ir para a reserva. Estou tomando essa decisão porque acredito que o governo deu certo e vai dar certo. O meu coração e o sentimento querem que eu esteja aqui com o presidente”, afirmou em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta-feira, 12.
Ramos expressou seu desejo de aposentadoria após ser questionado sobre sua participação, ao lado de Bolsonaro, em uma manifestação que atacava o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso. Segundo o ministro, houve muitas críticas no dia seguinte, inclusive por parte de seus companheiros de farda. “Não me sinto bem. Não tenho direito de estar aqui como ministro e haver qualquer leitura equivocada de que estou aqui como Exército ou como general.”
Responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso, Ramos já declarou em outras ocasiões que não tem mais contato direto com o Exército, embora ainda esteja na ativa. Ele tem capitaneado, junto ao ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, a negociação de cargos com o Centrão.
No mês passado, o general precisou explicar a aproximação do governo com o bloco informal em carta para colegas do Exército. Em mensagem enviada aos integrantes da turma de 1979 da Academia Militar das Agulhas Negras, Ramos disse que Bolsonaro precisa de uma base no Congresso e que não há corrupção no governo.
Golpe militar
Em entrevista à Veja, o ministro afirmou que o presidente Jair Bolsonaro nunca defendeu um golpe militar no País, mas alertou a oposição a “não esticar a corda”. A declaração foi resposta a um questionamento sobre a possibilidade de um golpe militar no Brasil. O ministro citou que foi instrutor da academia do Exército por vários anos e que formou boa parte dos comandantes da Força, mas que eles veem como ofensiva a narrativa de que as Forças Armadas vão romper com o regime democrático. “O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda”, disse.
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