Metade dos brasileiros que têm algum tipo de conta bancária acredita que conseguirá se recuperar financeiramente, em até um ano, dos estragos causados pela pandemia do novo coronavírus. É o que mostra pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) na semana passada e divulgada na manhã desta sexta-feira, 12.
A maioria deles, ou 28% dos entrevistados, estima que a recuperação ocorrerá em um período de seis meses a um ano. Uma parcela menor, de 21%, espera retomar em menos de seis meses a situação financeira que tinha antes da pandemia.
Aqueles que preveem levar mais de um ano são 38% dos bancarizados, dos quais 17% só se veem recuperados depois de dois anos. Outros 8% disseram que a situação financeira não se alterou durante a covid-19 e 3% não souberam ou não quiseram responder.
O levantamento mostra também que os mais escolarizados tendem a se recuperar em tempo mais curto. Entre os entrevistados que têm ensino superior, grau de instrução mais elevado no recorte da pesquisa, 65% acreditam que vão se recuperar em até um ano. Para os que concluíram os estudos formais no ensino médio, a proporção cai para 49%. Já entre os que só foram até o ensino fundamental, a taxa é de 42%.
Se a pesquisa aponta uma relação clara entre grau de instrução e capacidade de recuperação financeira, o mesmo não se pode ser dizer do nível de renda. Os brasileiros que mais projetam se recuperar em até um ano são os que estão na faixa intermediária de renda da pesquisa, de dois a cinco salários mínimos.
Entre estes, 56% esperam alcançar a recuperação financeira em até um ano, nível mais alto do que a categoria de até dois salários mínimos (46%), porém mais baixo do que na faixa superior a cinco salários mínimos (50%).
Os mais jovens, de 18 a 24 anos, são, segundo a pesquisa, os que mais rápido esperam retomar a situação financeira que tinham antes da crise.
Para 64% deles, a recuperação se dará em até um ano. A proporção vai caindo à medida que sobe a faixa etária: de 25 a 44 anos, 52%; de 45 a 49 anos, 48%; com 60 anos ou mais, 43%. Na divisão por gênero, 54% dos homens estimam se recuperar em até um ano, enquanto a taxa é de 46% entre mulheres.
Consumo
A pesquisa da Febraban também mostra alguns resultados que sugerem algumas mudanças de comportamento do consumidor após a pesquisa. Segundo o levantamento, 45% afirmam que vão dedicar mais tempo à família e aos filhos, 30% pretendem aumentar compras feitas no comércio eletrônico, 28% planejam usar mais os serviços de entrega e 27% querem trabalhar mais em casa, no chamado home office. Por outro lado, 37% pretendem diminuir viagens, pelo medo de contaminação.
Para a Febraban, a maioria dos números pode ser analisada sob um viés otimista, como um “uma pista de que existe uma demanda reprimida, que pode ajudar em uma recuperação mais rápida da economia”, conforme afirmou, em nota, o presidente da federação, Isaac Sidney.
Os dados divulgados nesta sexta-feira fazem da primeira edição do Observatório Febraban, uma pesquisa que será realizada mensalmente, com a intenção de acompanhar a visão dos brasileiros sobre temas variados, em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe). O levantamento divulgado foi feito com mil pessoas, em todas as regiões do Brasil.
Por André Ítalo Rocha
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