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Produtores de grãos negociam safra que ainda não foi plantada

Para tentar aproveitar a alta do dólar, produtores de grãos têm negociado sua safra com até cinco meses de antecipação do plantio, previsto só para outubro. Eles recebem por seus produtos agora, com o compromisso de entregar a mercadoria no futuro. “Estou com 60% da minha safra vendida até agora”, disse Ênio Fernandes Júnior, de Rio Verde (GO).

Com uma área de 2,8 mil hectares plantados com soja em parceria com um sócio, o agricultor, que também tem uma empresa de gestão de riscos, pretende avançar em áreas de pastagens e de cana para aumentar a produção em 2021. “Comecei há 25 anos plantando soja em uma área arrendada de 60 hectares e não paramos mais de crescer.”

Na fazenda Irmãos Scariotes, no Mato Grosso, o produtor Renato Scariote vendeu 75% da safra que será cultivada em área de 3.600 hectares. “Minha venda está em reais, então, depende de como vai ficar o dólar. A última safra negociei em dólar e foi terrível”, disse. Ele afirma que o dólar alto pode dar uma falsa sensação de que o produtor está ganhando dinheiro. “Quando você olha para trás, vê quantas safras vendeu a preço baixo. Este ano, felizmente, o preço do adubo está 20% menor, o que torna a safra mais barata.”

O agricultor José Guarino, que há mais de 30 anos cultiva grãos na fazenda Água Branca, em Sapezal (MT), vendeu 30% da produção de 350 hectares com o dólar “travado” em R$ 5,83. Desde que fechou o negócio, a cotação da moeda americana caiu – estava a R$ 5,37 na sexta-feira. “Alguns insumos, como semente, adubo e fertilizante, também comprei com o dólar alto”, ponderou.

Ele lembra que os custos em real – óleo diesel, manutenção de máquinas e folha de pagamento – também subiram, mas reconhece o bom cenário no campo. “Já tivemos momentos piores.”

Já na fazenda Mateberi, em Três Lagoas (MS), o plantio de soja não estava nos planos da família até 2018. A mudança de estratégia veio no ano passado.

Com a alta do dólar e a boa cotação do grão, William Costa já negociou a venda de 30% do que vai produzir. Com o recurso, foram comprados sementes e adubo para o plantio, em outubro. “Estamos esperando o dólar para cima para fazer novas vendas, chegando a 50% da produção futura.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por José Maria Tomazela e Mônica Scaramuzzo

Estadão Conteúdo

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