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Juro médio no crédito livre cai a 31,3% em abril; cheque especial cai a 119,3%

Em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, a taxa média de juros no crédito livre caiu de 33,3% ao ano em março para 31,3% ao ano em abril, informou nesta quinta-feira, 28, o Banco Central. Em abril de 2019, essa taxa estava em 38,3% ao ano.

Os dados apresentados nesta quinta pelo BC são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 46,1% para 44,5% ao ano de março para abril, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 16,6% para 15,8% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 130,0% ao ano para 119,3% ao ano de março para abril. No crédito pessoal, a taxa passou de 37,4% para 34,7% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.

Em função da ineficácia da autorregulação da Febraban, o BC anunciou a limitação dos juros do cheque especial em 8% ao ano (151,82% ao ano). A nova regra começou a valer em 6 de janeiro.

Além da limitação do juro, os dados desta quinta também refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Os dados divulgados pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 19,8% ao ano em março para 20,4% em abril.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 22,7% ao ano em março para 21,5% ao ano em abril. Em abril de 2019, estava em 25,0%.

ICC

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,4 ponto porcentual em abril ante março, aos 19,7% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Spread

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o spread em operações de crédito apresentou redução. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 27,6 pontos porcentuais em março para 26,2 pontos porcentuais em abril.

O spread médio da pessoa física no crédito livre foi de 40,2 para 38,7 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 11,3 para 11,4 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado seguiu em 4,2 pontos porcentuais na passagem de março para abril.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 18,0 para 17,2 pontos porcentuais no período.

Concessões

Mesmo com empresas e famílias em busca de recursos para fechar as contas, na esteira da pandemia do novo coronavírus, as concessões dos bancos no crédito livre despencaram 28,3% em abril ante março, para R$ 265,0 bilhões, informou o Banco Central. Nos 12 meses até abril, o avanço acumulado ainda é de 15,3%.

Estes dados, apresentados pelo BC, não levam em conta ajustes sazonais. Os números são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas.

Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos. No entanto, há reclamações, em especial entre empresas, de dificuldades de acesso a crédito neste momento de crise.

O BC não divulga dados sobre o quanto a procura por crédito aumentou – mas apenas o quanto foi concedido.

Em abril, no crédito para pessoas físicas, as concessões caíram 20,8%, para R$ 121,7 bilhões. Em 12 meses até abril, há alta de 11,6%.

Já no caso de pessoas jurídicas, as concessões recuaram 33,7% em abril ante março, para R$ 143,3 bilhões. Em 12 meses até abril, o avanço é de 19,4%.

Inadimplência

Com famílias e empresas em dificuldades para fechar as contas, em meio à pandemia do novo coronavírus, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos passou de 3,8% para 4,0% de março para abril, informou o Banco Central. Em abril de 2019, a taxa estava em 3,8%.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 5,2% para 5,4% no período. No caso das empresas, a taxa passou de 2,3% para 2,4%.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) passou de 2,2% para 2,3% na passagem de março para abril.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência foi de 3,2% para 3,3%.

Por Fabrício de Castro

Estadão Conteúdo

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