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C&A tem prejuízo de R$ 55,4 milhões no primeiro trimestre

A C&A (CEAB3) divulgou nesta quarta-feira (27), após o fechamento do mercado, seus números referentes ao primeiro trimestre de 2020. O resultado veio regular e abaixo do esperado, com forte impacto do coronavírus, o que levou à piora nas linhas mais importantes do seu resultado em termos de vendas.

O destaque positivo foram os bons números apresentados no período pré pandemia, com Vendas Mesmas Lojas (SSS) crescendo 7,3% até 13 de março. Considerando todo o período, o indicador apresentou uma queda de 9,7%.

Outro ponto positivo foi o avanço da sua margem bruta que passou de 48,2% para 48,8%, puxado pelo incremento na margem do segmento vestuário e pela margem do segmento de serviços financeiros. Neste segundo ponto, contudo, há um ganho não recorrente na ordem de R$ 19 milhões devido a venda de parte da carteira de crédito do parceiro Bradescard.

Já os destaques negativos foram seus números de Ebitda e resultado líquido. Considerando a exclusão de itens não recorrentes e que levaram a um aumento dos resultados do primeiro trimestre de 2019 e distorcem a comparação anual, o Ebitda Ajustado deste trimestre foi de R$ 4,8 milhões, número inferior aos R$ 36 milhões do mesmo período de 2019. Com isso a margem Ebitda caiu de 3,5% para 0,5%.

As vendas no varejo físico foram comprometidas a partir da segunda quinzena de março, quando todas as suas operações foram fechadas.

Na última linha o resultado líquido foi um prejuízo de R$ 55,4 milhões, revertendo o lucro de R$ 751 milhões do primeiro trimestre de 2019. No início do ano passado houve ganhos de ordem não recorrente relacionados a créditos fiscais.

O resultado da C&A foi pior do que as expectativas e esperamos impacto negativo no preço das ações (CEAB3) no curto prazo. Porém, os investidores ajustaram suas expectativas após a divulgação dos resultados da Lojas Renner na última semana, dado que as ações da C&A acompanharam a queda no dia posterior e recuaram 7,7% contra 8,3% nas Lojas Renner.

No ano as ações da C&A (CEAB3) recuam 50,4%, enquanto as Lojas Renner (LREN3) recuam 29% e o Ibovespa tem perdas de 23,9%.

O resultado foi fortemente impactado pelo fechamento das lojas físicas da C&A a partir da segunda quinzena de março, com os esforços nas plataformas digitais longe de conseguirem compensar a maior parte das perdas.

A receita líquida totalizou R$ 977 milhões, número 6,1% inferior ao do primeiro período do ano passado.

Os números pré pandemia mostravam uma boa evolução nas vendas e em linha com aquilo que a companhia vinha se propondo a fazer após seu IPO (oferta inicial de ações) realizadas no ano passado. Porém, devido ao cenário atual bastante desafiador especialmente para o setor de varejo físico, a condução do plano está sendo alterada e praticamente todos os projetos de expansão estão, por ora, suspensos.

Já em abril, a C&A emitiu títulos de crédito para elevar seu nível de caixa, com emissão de uma Nota Promissória de R$ 500 milhões e duas Cédulas de Crédito Bancário (CCB) que juntas totalizam R$ 350 milhões. Até o fechamento do balanço em 31 de março, a companhia não possuía quaisquer dívidas e trabalhava com caixa líquido de R$ 280 milhões.

O catalisador das ações da C&A (CEAB3) segue sendo a duração da quarentena nos grandes centros, bem como o ritmo de recuperação na confiança do consumidor e nas vendas do varejo físico no curto prazo. A companhia continua investindo nos canais eletrônicos de vendas, mas não divulgou informações das vendas on-line no período.

Já no médio e longo prazo, os catalisadores são, além dos fatores macroeconômicos (renda, crédito e desemprego), a execução eficiente do que foi prometido no IPO: aumento no número de lojas, readequação de lojas e aumento da participação do e-commerce em suas receitas, processo esse que deve ser acelerado.

Redação Mercado News

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