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Taxas longas fecham em queda com alívio no risco político de curtíssimo prazo

Após passarem o dia em alta moderada, ainda em movimento de realização de lucros, os juros de médio e longo prazos inverteram a direção na hora final da sessão regular e fecharam em baixa. Num dia de liquidez bastante fraca, o pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de suspensão do inquérito das fake news no meio da tarde serviu de argumento para o mercado estancar o ajuste na ponta longa, mais sensível ao risco político e que até então tinha avanço um pouco mais pronunciado. O plano de “retomada consciente” das atividades econômicas apresentado pelo governo de São Paulo também foi visto com bons olhos. Já os vencimentos de curto prazo oscilaram discretamente, sem grandes alterações no quadro de apostas para a Selic.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,22%, de 3,24% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,013% para 5,98%. A taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou a 6,93%, de 6,983%.

A decisão de Aras traz alívio no risco político apenas de curtíssimo prazo, o que se vê pela queda comedida das taxas e baixo volume de contratos movimentados, mostrando que o mercado “não foi com tudo”. Aras afirma que a Procuradoria-Geral da República foi “surpreendida” com a operação da Polícia Federal hoje, realizada “sem a participação, supervisão ou anuência prévia do órgão”, e que teve como alvo empresários e ativistas próximos ao presidente Jair Bolsonaro. Na visão dele, isso “reforça a necessidade de se conferir segurança jurídica” ao inquérito.

Na maior parte do dia, a curva andou na contramão dos demais ativos domésticos, refletindo alguma cautela mesmo com o dólar negociado abaixo dos R$ 5,30. “Passamos por um certo exagero nos últimos dias na ponta longa com o efeito do vídeo da reunião ministerial. E, olhando a bolsa e o câmbio hoje, é como se o coronavírus não existisse nem o risco político”, disse o estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii. Ele destaca vários fatores de incerteza no radar que não só a política, como por exemplo o receio de uma segunda onda de contágio da Covid-19 com a reabertura das atividades, que já começa a ocorrer na Europa e nos EUA.

Na ponta curta, as taxas pouco oscilaram, na ausência de novidades que pudessem alterar as expectativas para a Selic. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) voltaram a ser apresentados hoje, após quatro meses sem divulgação dos números. O resultado de abril foi chocante, mas compreensível diante da pandemia, e sustenta a percepção de que há espaço para o Copom repetir em junho o corte da Selic de 0,75 ponto porcentual. Houve fechamento de 860.503 vagas no mês e saldo líquido negativo de 763.232 postos entre janeiro e abril, que representam os piores resultados da série histórica.

Contato: denise.abarca@estadao.com

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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