Nesta terça-feira, 26, o dólar teve novo dia de baixa e zerou a alta acumulada em maio, passando agora a registrar queda de 1,48%. O real ganhou força hoje influenciado pela queda generalizada da moeda americana no exterior e pelo cenário político um pouco mais ameno, embora ainda monitorado de perto pelas mesas de câmbio. Nem mesmo a crescente aposta de corte mais intenso de juros em junho pesou nos negócios com dólar hoje. No mercado à vista, a moeda americana terminou o dia cotada em R$ 5,3578, na menor cotação desde 29 de abril, em baixa de 1,83%.
O índice DXY, que mede o dólar ante divisas fortes, foi negociado em forte queda na tarde de hoje. O analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo, a continuidade de reaberturas de economias europeias e progressos no desenvolvimento de uma vacina para o coronavírus ajudam a fortalecer o euro e também as moedas de emergentes.
Mas apesar desse otimismo, a elevação da tensão entre a China e os Estados Unidos, segue no radar. Hoje Washington voltou a atacar Pequim e, em entrevista à rede de TV Fox Business, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse que é “um grande erro” da China impor uma lei de segurança nacional sobre Hong Kong e que Donald Trump já não considera mais um acordo comercial com o país asiático tão importante como achava antes da pandemia.
No mercado doméstico, o noticiário político foi monitorado, mas ficou em segundo plano hoje. Nem mesmo a crescente aposta do mercado de corte de 0,75 ponto porcentual da taxa básica de juros, na reunião de junho do BC hoje no mercado futuro de juros, foi suficiente para segurar a queda da moeda americana. O analista de moedas do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), Luis Hurtado, revisou sua projeção e espera que a Selic caia para 2% ou 2,25% ao final do ano. Se não afetou hoje, ele acredita que no curto prazo o BC mais propenso a cortar juros vai pressionar o câmbio.
Sobre o cenário político, Hurtado acredita que o tema ainda vai continuar dominando o noticiário, na medida em que prosseguem as investigações de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal e hoje ainda teve depoimento de mais de seis horas do empresário Paulo Marinho no Rio. Com juro menor e maior ruído político, o CIBC elevou a projeção de dólar para R$ 5,50 ao final do segundo trimestre.
Os estrategistas em Nova York do Citibank destacam que o vídeo da reunião ministerial de Bolsonaro não trouxe maiores surpresas, o que ajuda a reduzir “riscos de cauda”. Ao mesmo tempo, o banco americano alerta que o cenário político ainda é muito sensível no Brasil, especialmente em um contexto de escalada dos casos de covid-19 e potencial efeito nas taxas de aprovação do presidente. O Citi projeta que o dólar vai seguir acima de R$ 5,00, terminando o ano em R$ 5,54 e encerrando 2021 em R$ 5,15. O banco hoje cortou a projeção de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano, de contração de 4,5% para queda de 6,5%.
Por Altamiro Silva Junior
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