A sexta-feira, 22, foi de volatilidade nos juros futuros, com as taxas operando em direções divergentes e o mercado na expectativa pela decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, sobre o sigilo do vídeo da reunião ministerial do presidente Jair Bolsonaro, no dia 22 de abril. À tarde, uma certa cautela reduziu o ritmo dos negócios na medida em que se aproximava o horário final (17h) prometido pelo decano para divulgar sua decisão. No fim da sessão regular, as taxas até os vencimentos intermediários estavam em alta e as longas zeraram a queda e fecharam estáveis, na medida em que o dólar também zerou as perdas ante o real. No horário limite, o STF divulgou o vídeo mantendo sigilo nas partes as quais havia referência a determinados países. Na sessão estendida, as taxas passaram a cair.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 2,495%, de 2,482% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 subiu de 3,361% para 3,44%. O DI para janeiro de 2027 fechou com a taxa de 7,43%, estável.
O economista-chefe da Parallaxis, Rafael Leão, destaca que a volatilidade em meio à espera do desfecho do caso do vídeo abriu oportunidade de operações de arbitragens, com os longos fechando um pouco e o miolo da curva subindo moderadamente. “O mercado ainda não entende como o conteúdo vai ser interpretado. Pode ser que não tenha nada muito revelador ou algo mais forte”, disse, observando que no câmbio a perspectiva também foi parecida.
Com a etapa estendida em andamento, as taxas passaram a cair. Segundo profissionais nas mesas, o vídeo não traz novidades em relação ao que já era conhecido. “O mercado não viu fatos novos em relação ao que já se sabia em relação às declarações envolvendo a Polícia Federal”, disse o gerente da Mesa de Reais da CM Capital Markets, Jefferson Lima.
O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que estava na reunião, havia afirmado que a gravação confirma ações de ‘interferência na Polícia Federal’ por parte do presidente e que as declarações ditas no vídeo vão de encontro com fatos que ocorreram dias antes e após a sua demissão.
Antes de dar seu veredicto, Celso de Mello já tinha sido manchete pela manhã ao enviar três notícias-crime apresentadas pelo PT, PDT, PSB E PV no âmbito do inquérito que apura a suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. Entre elas, pediu o depoimento do presidente, e a busca e apreensão do celular dele e de seu filho, Carlos Bolsonaro, para perícia.
As declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, de manhã, mereceram atenção, mas sem impacto relevante nos negócios. Em live do UBS, ele disse que mensagem do Copom é que, a partir de um determinado limite mínimo da Selic, é necessário cautela em eventuais novos cortes; que o Banco Central não vê a política de quantitative easing (afrouxamento monetário) como instrumento de política monetária; e que é um desafio equilibrar o “trade-off” entre o patamar de juros e os efeitos do câmbio na economia.
Por Denise Abarca
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