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Alta do dólar leva JBS a prejuízo líquido de R$ 5,9 bi no primeiro trimestre

A JBS divulgou o resultado do primeiro trimestre de 2020 nesta quinta-feira (14), após o fechamento do mercado. Os números vieram em linha com as expectativas em termos de receita, Ebitda e geração de caixa operacional, mas abaixo do esperado na última linha, cujo resultado foi um prejuízo líquido de R$ 5,9 bilhões.

Contudo, o número foi afetado por efeito da variação cambial, que não tem impacto no caixa da companhia. Ao se retirar esse efeito contábil teríamos um lucro ajustado de R$ 803 milhões.

Os destaques positivos foram os resultados das unidades de negócio da Seara no Brasil  e a JBS USA Pork  com crescimento nas exportações e melhora no mix de produtos, seja no mercado interno e/ou para exportação.

O destaque negativo ficou para as unidades de negócio JBS USA Beef (carne bovina) e a Pilgrim’s Pride (focada em produção e processamento de frango nos Estados Unidos). Ambas tiveram pequenos incrementos na receita e uma deterioração adicional nas margens. Como são as principais unidades de negócio da companhia, 41% e 24%, respectivamente, uma piora em suas margens impactou a margem Ebitda consolidada da companhia que caiu de 7,2% no primeiro trimestre de 2019 para 6,9% agora.

O resultado líquido da companhia também foi outro número negativo, porém não muito relevante devido ao fato de não apresentar efeito caixa nos números da companhia. O impacto se deveu, principalmente, ao fato de a empresa ter suas dívidas atreladas ao dólar, moeda principal de suas transações, como tivemos uma forte variação do dólar no período, por questões contábeis, a empresa precisa passar essa variação em seu resultado, o que acabou impactando a última linha.

Embora o resultado na última linha tenha sido de prejuízo, a receita, Ebitda e geração de caixa operacional foram positivas e devem prevalecer na interpretação dos resultados pelo mercado. Esperamos impacto positivo no preço das ações da JBS (JBSS3) no curto prazo, pois a companhia mostrou um bom resultado operacional, mesmo com pequenos impactos nas margens de suas principais unidades de negócio.

A empresa reportou uma receita líquida de R$ 56,48 bilhões, um incremento de 27,37% ante o mesmo período de 2019. Além do câmbio, tivemos um aumento de volume vendido e uma melhora do mix de produtos mais favorável.

O Ebitda foi de R$ 3,91 bilhões, um crescimento de 22,6%  em comparação ao primeiro trimestre de 2019. A margem Ebitda foi de 6,9% contra 7,2% do mesmo trimestre de 2019, a redução de margem se deveu principalmente pela pequena piora operacional das unidades de negócio de carnes e frango nos Estados Unidos, que sofreram, principalmente com o aumento do custo de insumos e a redução de capacidade instalada (aumento do custo fixo).

O resultado foi impactado pela maior despesa financeira, que totalizou R$ 9,08 bilhões, número bem acima dos R$ 1,3 bilhões do primeiro trimestre de 2019. O aumento foi por conta do efeito cambial na dívida em dólar.

A dívida líquida saiu de R$ 48,8 bilhões em março de 2019 para R$ 56,9 bilhões no fim de março/20. Esse aumento da dívida é explicado variação cambial. Em dólares, a dívida líquida encolheu 12,4%. Com isso, a relação dívida líquida/Ebitda fechou o primeiro trimestre de 2020 em 2,77 vezes, levemente acima dos 2,16 vezes de 2019. Em dólares a relação se manteve praticamente estável em 2,2 vezes.

A JBS apresentou números operacionais fortes em algumas unidades de negócios, principalmente a Seara. E números um pouco fracos em outras unidades, principalmente nos Estados Unidos, impactadas por custos de produção um pouco mais elevados do que o esperado. Entretanto, para o segundo trimestre os analistas esperam uma redução nos insumos e um reposicionamento de marcas (Pilgrim’s) que devem favorecer melhorias operacionais.

Redação Mercado News

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