O Pará dá início nesta quinta-feira, 14, a um novo método de enfrentamento do novo coronavírus: o atendimento em uma Policlínica Itinerante. O projeto vai alcançar a população de vários municípios do Estado, com consultas ambulatoriais em uma espécie de clínica móvel. A perspectiva é de que, com a ação, a demanda dos hospitais públicos e particulares de Belém diminua. Nos últimos dias, a capital paraense registrou filas quilométricas nas unidades de saúde. Prontos-socorros já fecharam as portas para atendimento por causa da falta de médicos.
A equipe da Policlínica Itinerante é formada por 40 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e administrativos. Um médico fica encarregado da triagem. A estrutura montada é formada por cinco consultórios, sendo quatro montados sobre uma carreta e o quinto, em uma van. Uma ambulância também ficará disponível no local e receberá, nesta semana, um tomógrafo móvel para a realização de exames de captação de imagens em alta definição.
A expectativa é de atender, em média, 150 pessoas por dia. A unidade também deve dar as medicações para os pacientes com diagnóstico de covid-19.
O primeiro município a receber a caravana médica é Santo Antônio do Tauá, no nordeste paraense, a 54 quilômetros da capital. A cidade de cerca de 32 mil habitantes vem sofrendo com a proliferação do novo coronavírus. Com apenas um hospital e poucas unidades de saúde, a população local recorre a Belém ou a Castanhal quando apresenta os sintomas da covid-19 em busca de atendimento, exames e medicamentos.
O pedreiro Helton Fernando do Carmo, de 48 anos, conta que a sua família não foi infectada, mas, como a cidade é pequena, conhece a dura realidade da vizinhança afetada pela doença. “Aqui temos apenas um hospital que fica cheio durante o dia e à noite. Não temos UPAs, e existem apenas uns postos de saúde que não funcionam o dia todo. Tem muita gente doente no Tauá, e as pessoas estão indo para Belém”, disse.
Santo Antônio do Tauá é um dos dez municípios paraenses que estão sob bloqueio total das atividades não essenciais. A medida está marcada para acabar no próximo domingo. No último boletim da Secretaria Municipal de Saúde do Tauá, atualizado na noite de terça-feira, a cidade registrava ao menos 13 óbitos de pessoas com complicações da covid-19. No entanto, a população garante que a maior parte dos doentes não está sendo testada. “No hospital, não encontramos nem medicamentos. Não conheço nenhum doente que tenha feito o teste”, afirmou Fernando.
O critério para o atendimento da Policlínica nos municípios é a taxa de pessoas infectadas pela covid-19. Santo Antônio do Tauá tem 322 casos. A cidade registra maior média de casos positivos por 100 mil habitantes no Estado, ultrapassando, inclusive, Belém.
Esta semana, o governador do Estado, Helder Barbalho (MDB), esteve no município. “A nossa decisão foi iniciar por este município para que possamos dar garantias de atendimento, estabilizar a condição de enfrentamento à doença e, claro, atender e salvar a vida da nossa população”, explicou. A Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) informou que as outras cidades a serem atendidas ainda estão sendo decididas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Roberta Paraense, especial para o Estado
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