“Só agradeço por estar bem e com saúde para poder ter uma vida normal”, diz a chefe de cozinha Carolina Judacheski, de 32 anos. Moradora de Fernando de Noronha, ela foi uma das 28 pessoas infectadas pelo novo coronavírus no local e hoje comemora a confirmação de que o arquipélago conseguiu zerar os casos de covid-19 após conviver com a doença por 44 dias.
Além de Carolina, seu marido, Thiago Gasparoni, testou positivo para a doença. O casal tem um filho de quase dois anos e não viu outra solução a não ser permanecer os três isolados em casa até sumirem os sintomas da covid-19. “Confirmei que estava com coronavírus no dia 10 de abril. Senti muita dor de cabeça, dor no corpo, uma dor muito forte no peito ao respirar, e fiquei sem sentir gosto e cheiro dos alimentos”, relata.
Ao sentir os sintomas, conta Carolina, ela comunicou o hospital da ilha. Logo depois, o pessoal da vigilância foi até sua casa e fez o teste. A maior preocupação era transmitir o vírus para o filho. “A maioria das pessoas que estavam convivendo comigo naquele período testou positivo também. Todos ficaram assustados. Dizem que as crianças não demonstram sintomas, mas transmitem o vírus, eu tive muito medo. Mas ele não apresentou nenhum dos sintomas, graças a Deus.”
O prazo de quarentena em Fernando de Noronha foi encerrado no último domingo. Desde abril os moradores viviam em regime de isolamento. Segundo a administração do local, eles estavam preenchendo formulários via internet para solicitar autorização para sair de casa.
Segundo a chefe de cozinha, o isolamento foi fundamental. “Teve uma conscientização da maioria das pessoas aqui, até porque o vírus se alastrou muito rápido e nós não temos estruturas caso a situação ficasse muito grave.”
O planejamento do governo é abrir a ilha de forma gradual. Eles estudam um protocolo de flexibilização para o retorno das atividades no local e inicialmente a reabertura será apenas para os moradores. Turistas estão vetados. Na segunda-feira, a administração lançou uma cartilha com medidas de presença e afirmou que todos poderão fazer atividades físicas sozinhos ou em dupla apenas uma vez por dia, no horário das 5h às 22h. Além de reafirmar que as praias seguem fechadas.
Natural de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, Carolina mora em Fernando de Noronha há oito anos e trabalha no Bar do Meio, um dos locais mais badalados da ilha. Segundo Carolina, é difícil ver o local sem turistas, mas ela não nega que “a natureza está amando tudo isso”. “Parece que a ilha está respirando, mas é claro que sentimos falta da nossa rotina.”
Atualmente o seu local de trabalho está fechado e ela recebe uma parte do salário pago pela empresa e outra pelo governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Andreza Galdeano
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