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País tem recorde de mortes, Pará impõe lockdown e Ceará endurece quarentena

O Brasil registrou na terça-feira 600 mortes pelo novo coronavírus em 24 horas, recorde de notificações de óbito para apenas um dia. Com isso, o total de vítimas subiu para 7.921, conforme o Ministério da Saúde. Pelo País, governadores e prefeitos endurecem regras de isolamento social: o Pará decretou lockdown em Belém e mais nove cidades a partir da quinta-feira, mesma medida que passou a vigorar na terça em São Luís. No Ceará, o governo estendeu a quarentena e anunciou normas mais rígidas para Fortaleza.

Secretário de vigilância em saúde do ministério, Wanderson de Oliveira afirmou que o número, apesar de recorde, traz dados de óbitos de dias anteriores, que ainda estavam sob investigação.

Pouco antes da divulgação dos dados, o presidente Jair Bolsonaro disse que não sabia se tinha sido registrada queda de mortes e, se confirmada uma redução, seria “sinal de que o pior já passou”.

Crítico do isolamento social, Bolsonaro tem defendido reabrir o comércio e diz temer colapso econômico. Os Estados, porém, foram em sentido oposto na terça-feira.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), decretou ontem suspensão total de serviços não essenciais na capital e outros nove municípios, todos com mais casos que a média estadual.

No exterior, bloqueios totais foram adotados onde houve crises mais agudas da covid-19, como em Wuhan, na China, onde surgiu a doença, e no norte da Itália. O receio dos gestores é de que o total de infectados aumente muito rápido e cause sobrecarga nos hospitais.

A circulação de pessoas nas ruas ficou proibida nas dez cidades paraenses, exceto por motivos de força maior, como ida a consultas médicas ou a bancos para saques de dinheiro e para trabalhadores de serviços essenciais, como profissionais de saúde. Também foram vetadas visitas em casas e prédios, a não ser de trabalhadores de serviços essenciais.

Os estabelecimentos também deverão adotar protocolos para evitar infecções, como limite de pessoas nos locais. A multa para quem desobedecer vai de R$ 150 a R$ 150 mil, para estabelecimentos.

Já o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), anunciou que vai intensificar o isolamento social a partir de sexta, mas não confirmou que haverá lockdown. Em Fortaleza, ficará proibida a circulação de pessoas em locais ou espaços públicos, como praças, praias e calçadões, a não ser quando forem deslocamentos imprescindíveis.

Também haverá controle de entrada e saída do município e do tráfego de veículos particulares nas vias públicas. E o uso de máscaras será obrigatório por todos os cearenses a partir de hoje.

Maranhão

São Luís e três cidades da região metropolitana amanheceram ontem com bloqueio total, após decisão de lockdown pela Justiça, a pedido do Ministério Público Estadual. “Tenho acompanhado toda a movimentação durante o primeiro dia. Isso diminui o número de infectados pelo coronavírus. Nos próximos 15 dias teremos resultados mais eficazes” disse o juiz Douglas Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, responsável por determinar a medida.

Ao longo do dia, órgãos de fiscalização estiveram nas principais avenidas das quatro cidades. A mobilidade também está suspensa em quatro rodovias da região, a não ser para atividades essenciais.

No centro de São Luís, registros de grande movimentação foram identificados nos bancos e em lotéricas da cidade, onde as pessoas recorriam para sacar o auxílio emergencial.

Segundo Rubenilde Silva, de 44 anos, moradora do bairro Santo Antônio, a fiscalização está “fragilizada” e deveria ser feita também nos bairros. “O que adianta fechar as avenidas se, nos bairros, a aglomeração é muito maior?.”

A medida judicial não cita valores, mas menciona a lei que fixa multas para infrações do tipo – até R$ 1,5 milhão para casos gravíssimos. O governo não informou se foram aplicadas multas ontem.

Outros Estados, como Pernambuco, já disseram estudar o decreto de lockdown, caso se agrave a pandemia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por André Borges, Ludimila Honorato, Caio Faheina e Davi Max, especial para a AE

Estadão Conteúdo

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